Lava Jato 'vai retirar um câncer de uma sociedade doente', diz procurador
A corrupção é um câncer que torna a sociedade doente, e a Operação Lava Jato é a cirurgia que vai extirpar essa doença.
Foi utilizando-se de imagens médicas que o procurador da República
Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, arrancou
risos e aplausos de cerca de 750 pessoas na noite de domingo
(02.ago.2015), em Curitiba, durante a abertura de um congresso de
medicina.
Procurador Deltan Dallagnol participa de palestra no Congresso Brasileiro de Cirurgia |
Convidado para fazer a conferência de abertura do 31º Congresso
Brasileiro de Cirurgia, na capital paranaense, Dallagnol questionou os
médicos presentes se eles deixariam de lutar e de empregar todos os
esforços se tivessem um filho com apenas mais seis meses de vida.
O recado que quis passar era: "Por algumas causas vale a pena lutar, independentemente do resultado".
"Ao salvar vidas, vocês são os heróis do nosso país", afirmou o
procurador, no início de sua fala. Ao explicar a função do Ministério
Público Federal, disse que o órgão deve servir à sociedade. "Eu sou
servo dos senhores", acrescentou.
Com a ajuda de slides e de vídeos, mostrou em sua exposição os números
da corrupção no país e elencou os problemas que ela causou ao Brasil, ao
longo da história. "A Lava Jato transforma o país?", questionou. Antes
de dar a resposta, pediu para que cada participante fizesse a mesma
pergunta para a pessoa ao lado e que refletisse durante um minuto.
Após o debate na plateia, o procurador afirmou que a Lava Jato "trata de
um tumor" e que o melhor que pode vir é a devolução do dinheiro
desviado e a punição dos corruptos.
Dallagnol falou ainda sobre as dez medidas que defende para endurecer o
combate à corrupção. Ele pediu assinaturas para a campanha do Ministério
Público Federal que tenta endurecer leis contra a corrupção, a exemplo
do que fez no mês passado ao falar para cerca de 200 pessoas numa igreja
batista na Tijuca, na zona norte do Rio.
Dallagnol usou em sua palestra, como exemplo, a situação de Hong Kong,
que conseguiu diminuir os casos de corrupção e até forçou pessoas a
fugirem. "Como seria no Brasil?", questionou.
O procurador contou ter sido reconhecido por uma mulher dentro do avião
que lhe disse que a Lava Jato "não vai dar em nada". Sobre a ideia de
impunidade, foi incisivo: "Nós não podemos perder a nossa capacidade de
nos indignar. Eu não compro a tese de que o Brasil não tem jeito".
No fim da palestra, Dallagnol recebeu um jaleco do presidente do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões, posou para fotos segurando a peça e depois a
vestiu, sendo aplaudido pelo público.
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