sábado, 15 de agosto de 2015


Transcrição de grampo telefônico entre Lula e executivo da Odebrecht
A transcrição é resultado de grampo aplicado pela Polícia Federal no telefone do ex-diretor e lobista da Odebrecht, Alexandrino Alencar.

A Polícia Federal (PF) anexou aos autos da Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato, a íntegra da transcrição do diálogo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) com o executivo da Odebrecht Alexandrino de Salles Alencar.
São duas conversas. A última delas ocorreu quatro dias antes da prisão do lobista.
Os grampos revelam a enorme intimidade entre os dois homens, mas informam também que existia sintonia das ações de ambos em relação às investigações da Lava Jato.

Segundo a PF, na noite de 15 de junho de 2015, às 20 horas e 6 minutos, uma pessoa que se identifica por ‘Moraes’ telefona para Alexandrino Alencar e passa a ligação para o ex-presidente.
O número do telefone usado por ‘Moraes’ é do Instituto Lula, em São Paulo, afirma relatório final de interceptações telefônicas no inquérito que mira a maior empreiteira do País. A conversa durou 3 minutos e 42 segundos.
A PF não grampeou o ex-presidente. O alvo era Alexandrino Alencar, que acabou sendo preso preventivamente quatro dias depois.
“Na conversa Lula e Alexandrino abordam sobre a temática do seminário promovido pelo Valor Econômico, intitulado de “Uma agenda para Dinamizar a Exportação de Serviços”, já amplamente descrito neste relatório de análise de interceptação telefônica, tratando dos polêmicos financiamentos do BNDES às empreiteiras brasileiras, incluindo a Odebrecht”, assinala o relatório policial.


‘Delfim Netto vai publicar artigo amanhã dando o cacete’, disse o ex-presidente Lula a Alexandrino Alencar, preso na Lava Jato quatro dias depois do diálogo interceptado pela PF.


A PF comentou o grampo que trata do BNDES:
"Outro contato considerado relevante ocorreu em 15 de junho de 2015 às 20:06, entre Alexandrino Alencar e o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele ambos demonstram preocupação em relação aos assuntos do BNDES referindo-se também a um artigo assinado por Delfim Netto que seria publicado no dia seguinte sobre o tema. Alexandrino disse também que Emilio (Emilio Odebrecht) teria gostado da nota que o Instituto Lula (…) teria lançado depois da divulgação do laudo pericial acerca da contabilidade da empresa Camargo Corrêa, que teria doado R$ 3 milhões ao instituto entre 2011 e 2013 e efetuado pagamentos a Lils Palestras Eventos e Publicidade LTDA na ordem de R$ 1,5 milhão no mesmo período", apontou o delegado federal Eduardo Mauat da Silva.





COM A PALAVRA, O INSTITUTO LULA
O Instituto Lula disse que não vai comentar a referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no relatório da Polícia Federal.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT
“Em relação ao relatório de monitoramento divulgado pela Polícia Federal, a Odebrecht lamenta que as informações sejam colocadas fora de contexto, traçando conclusões equivocadas que confundem a opinião pública”.

COM A PALAVRA, O BNDES
“O BNDES lamenta tentativas, na imprensa e em redes sociais, de manipular e distorcer informações buscando envolver o Banco em algo supostamente nebuloso a partir da divulgação de um diálogo entre o ex-presidente Lula e um executivo da Odebrecht. A conversa não faz referência direta ao BNDES e tratou de um seminário sobre exportação que teve ampla participação do público interessado e cobertura da imprensa.”


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