PT sonda Lula para Ministério de Dilma — partido quer ver o ex-presidente em um cargo na Esplanada
Nos últimos dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi sondado
por líderes petistas e representantes do governo sobre a possibilidade
de ocupar uma vaga no Ministério da presidente Dilma Rousseff. Até
agora, no entanto, ele tem se mostrado refratário à ideia, dizendo que
prefere passar os próximos meses viajando pelo Brasil para fazer a
“defesa da democracia” e de uma agenda nacional de educação.
Segundo aliados, o caminho natural de Lula seria o Ministério das
Relações Exteriores. Integrantes do governo, no entanto, também citam as
pastas da Defesa e da Casa Civil entre as possibilidades.
Pelo menos dois ministros do governo Dilma, além de parlamentares e
dirigentes petistas, sondaram Lula nos últimos dias. O titular da
Defesa, Jaques Wagner, foi um dos que conversaram com o ex-presidente
sobre o assunto.
A pressão mais forte vem de setores do PT, em especial a bancada do
partido na Câmara, que vê em Lula um reforço de peso na articulação
política do governo. Para tentar convencê-lo, argumentam que no
Ministério o petista passaria a ter direito à prerrogativa de foro na
Justiça e sairia do raio de ação da Operação Lava Jato.
Embora os integrantes da força-tarefa afirmem que o ex-presidente não é
nem sequer investigado, aliados avaliam que Lula é o alvo real da
operação e deve se proteger.
Pessoas próximas ao petista dizem que ocupar uma pasta “é a última coisa
que ele quer neste momento” e ressaltam que até agora Dilma não
manifestou abertamente o desejo de tê-lo no Ministério.
Pessoas contrárias à ideia alegam que uma nomeação de Lula decretaria o
fim do governo Dilma, já que o ex-presidente é quem exerceria o poder.
Partidários do PT realizam um abraço coletivo no prédio do Instituto
Lula, na zona sul da capital paulista |
Na sexta-feira (07.ago.2015), cerca de 400 pessoas foram até a sede do
Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, para um ato em
solidariedade ao ex-presidente. Na semana passada, o local foi alvo de
uma bomba caseira. O caso foi tratado pelo PT como um “ataque político”.
Entre os participantes estavam os ministros da Comunicação Social,
Edinho Silva, da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e Jaques Wagner, além
de dirigentes petistas, sindicalistas, lideranças de movimentos sociais,
ex-colaboradores, parentes e admiradores em geral.
Em clima de festa, eles entoaram gritos como “pode tremer, aqui é a
infantaria do PT” e deram um abraço simbólico no instituto. “A oposição
irresponsável tem alimentado estes grupos fascistoides”, disse o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ).
Enquanto o ato ainda ocorria, Lula fez duas reuniões políticas. Uma com
Wagner, o preferido de Lula para ocupar a Casa Civil numa possível
reforma ministerial, e outra com Edinho e Mercadante, que deixou o local
irritado e evitando a imprensa.
Líderes petistas se mostraram refratários à possibilidade de o partido
perder espaço no governo para o PMDB. “O PT já tem muito pouco espaço no
Ministério”, disse o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.
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