domingo, 9 de agosto de 2015


Em meio a crise, Dilma deixa de ler jornais e tenta exibir autocontrole

Dilma Rousseff
Submersa por uma crise sem paralelos nas últimas duas décadas, a presidente Dilma Rousseff tem mudado alguns hábitos.
Antes leitora contumaz da imprensa, ela já não lê mais os jornais brasileiros como fazia todas as manhãs na hora do café. Vez ou outra, até navega por notícias internacionais. Mas só.
Com bastante frequência, é algum assessor que lhe chama a atenção para algum assunto específico na mídia.
Assim, Dilma repete o hábito de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que considerava que a imprensa só trazia más notícias e achava melhor ignorá-las.
No auge do escândalo do mensalão, em 2005, o antecessor parou de ler periódicos e chegou a se gabar disso publicamente.
No entorno presidencial, há a percepção de que a mandatária pode estar em fase de negação da realidade, deslocada da seriedade da crise.
Outros negam isso e lembram que em jantar recente no Palácio da Alvorada ela mesma disse não estar "nem deprimida, nem alheia".
Eles afirmam que a atitude reflete um traço de personalidade da chefe, de exibir autocontrole em momentos de maior dificuldade para evitar uma queda generalizada no ânimo – de resto, perceptível em toda a Esplanada dos Ministérios.
Apesar do cenário "sombrio", como definiram até mesmo ministros próximos nos últimos dias, Dilma, conhecida pelo estilo de cobrança dura e intempestiva, tem demonstrado alguma tranquilidade nos bastidores e, não raro, até bom humor.
Na quinta-feira (06.ago.2015), ao tomar conhecimento dos índices recordes de impopularidade (apenas 8% de ótimo e bom) apurados por uma pesquisa de opinião, ela se limitou a reclamar do fato de a apresentação da sondagem ter coincidido com o programa do PT divulgado naquele mesmo dia.
Auxiliares de Dilma afirmam que ela não toma nenhum estabilizador de humor, seja alopático ou fitoterápico. Ao contrário, relatam que ela detesta remédios.
Dilma também anda mais vaidosa, experimentando maquiagens e comprando roupas adequadas à silhueta que passou a exibir após aderir a uma dieta da moda. Segue, aliás, recomendando a dieta a quem se queixa do excesso de peso.
Mesmo políticos que costumam tirar o sono do Planalto dizem que Dilma está de bom humor – caso de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado que esteve com ela nos últimos dias.
Não que os afamados pitos presidenciais tenham cessado. Distribuiu broncas a ministros petistas durante reunião de emergência para avaliar o cenário da crise, na quinta-feira (06.ago.2015). Os alvos da vez foram Edinho Silva (Comunicação Social) e José Eduardo Cardozo (Justiça), este alvo frequente da ira da chefe.
O bom humor presidencial, contudo, não contaminou sua equipe. O clima no Planalto é de apreensão. Como disse um auxiliar próximo, pedindo anonimato: "Estamos descendo a ladeira sem freios, e ainda não conseguimos dar um cavalo de pau".
Neste domingo (09.ago.2015) haverá uma reunião para debater a crise. Os ministros mais próximos defendem que algum tipo de medida seja tomada antes do dia 16, quando está prevista uma grande adesão aos protestos marcados contra a presidente.
Dilma deverá viajar mais, pode fazer uma reforma ministerial e estuda fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e TV, contra o que pesa a provável reação popular em forma de panelaço.


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