sexta-feira, 28 de agosto de 2015


Presidente da Fiesp, Paulo Skaf, pede saída de ministro da Fazenda — Para Skaf, desempenho de Levy 'está enfraquecendo a credibilidade do governo'

Depois de participar na noite de quinta-feira (27.ago.2015) de um jantar com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e 22 grandes empresários na sede da Fiesp, em São Paulo, o presidente da entidade, Paulo Skaf (PMDB), defendeu a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Um ministro da Fazenda que só fala em aumentar impostos ... o Brasil não precisa deste ministro (...)", disse o dirigente aos jornalistas na saída do encontro.
"O ministro não demonstra preocupação com o desemprego no pais, com os setores produtivos. Entendo que esse não é o perfil de um ministro que faça bem ao pais.  Ele não tem realmente nesse momento nosso apoio".
Skaf prometeu "bombardear" a iniciativa do governo de reeditar a CPMF e disse que o desempenho da política econômica "está enfraquecendo a credibilidade do governo".
Entre os presentes ao jantar, que durou duas horas, estavam o empresários Benjamin Steinbruch (CSN), Flávio Rocha (Riachuelo), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco) e Rubens Ometo (Cosan). Segundo relato de um participante, os convidados se revezaram ao microfone  com críticas ao ajuste promovido por Joaquim Levy. Temer falou por 30 minutos no final do evento. Não criticou o ministro, mas também não o defendeu.
Quando questionado por jornalistas sobre a posição dos empresários sobre a política econômica do governo, Skaf disse que o setor produtivo não concorda com o ajuste conduzido por Levy. "O Brasil é um pouco maior do que meia dúzia de empresários. Se alguns tem uma opinião, não significa que seja a opinião da classe empresarial. Os setores produtivos não concordam com essa política econômica", disse o dirigente ao comentar manifestações recentes de apoio ao governo entre empresários.
O presidente da Fiesp disse que, até o momento o ajuste fiscal, não foi conduzido de forma eficiente e que não houve cortes efetivos nos gastos do governo. Nove meses depois do início do ano, Skaf argumentou que o setor esperava ver algum resultado mas que o ajuste até agora é uma "miragem".

O Vice-Presidente da República Michel Temer participou de um jantar com o presidente 
da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) Paulo Skaf

Segundo a reportagem apurou, o clima entre o ministro da Fazenda e Paulo Skaf ficou péssimo depois que Levy deixou Skaf e outros líderes esperando quatro horas para uma reunião em Brasília.

Anti-Dilma. Skaf se reunirá na segunda-feira (31.ago.2015) com representantes dos grupos que  lideram o movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff  (PT). Participarão do encontro, que acontecerá na sede da instituição,  porta-vozes das 46 organizações que formam  a Aliança Nacional dos  Movimentos Democráticos.
Entre elas estão o Revoltados Online, Nas  Ruas, Avança Brasil-Maçons, Acorda Brasil e Vem Pra Rua. Antes de  agendar a reunião, Skaf avisou aos ativistas que não defenderia publicamente o impedimento da presidente.
A pauta oficial será a formação de uma agenda comum entre as ruas e o empresariado.

Temer, o "advogado". O vice-presidente Michel Temer disse no jantar na Fiesp que quer ser o "advogado" do setor produtivo na superação da crise. O comentário foi feito para selar a "aliança" com o setor, que, na visão de assessores do vice, "abraçaram" Temer politicamente no encontro.
Para ele, o Brasil vive crise política e econômica, mas não institucional. Ele justificou a saída da articulação política dizendo que quer se dedicar mais às discussões pelo país.
Temer disse que a crise vai ser longa e que a presidente Dilma Rousseff esta tentando adotar medidas para superá-la, mas não encontra resposta nos empresários.
Na reunião, 14 empresários falaram antes dele. O mote comum foi o aumento de carga tributária para ajustar as contas públicas.
Segundo um dos presentes, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco - banco onde Levy trabalhava antes de ir para o governo - falou sobre a crise e arrematou dizendo que "confiança é a moeda mais forte que existe".
Flávio Rocha, da Riachuelo, disse que o varejo vive uma reversão na formalização do trabalho e que mais impostos agora seriam um tiro no pé.
Segundo relatos, Jorge Gerdau disse a Temer que a indústria "está morrendo" e que isso é fruto de um "problema de liderança".
Coube a Benjamin Steinbruch ensaiar uma piada. Ele afirmou que Temer não deveria se impressionar com os relatos que estavam sendo feitos à mesa, pois o que se ouvia fora dali era ainda pior.


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