À míngua de verbas, o PAC está afundando
Lançado com grande fanfarra em 2007, o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) ainda parecia uma grande realização em 2010. Hoje, não
quer dizer nada. O PAC está órfão. Levantamento da ONG Contas Abertas
mostrou que, de 629 obras/programas com orçamentos aprovados, 310 não
receberam um níquel em 2015. Dos R$ 65 bilhões do total “empenhado” para
obras do PAC, a primeira fase para o processo de pagamento pelos
Ministérios, só R$ 18 bilhões foram liberados até julho, ou seja, cerca
de 28%.
Parece o destino previsível de um programa que nunca foi mais do que
bandeira eleitoral da presidente Dilma Rousseff, chamada de “mãe do PAC”
pelo ex-presidente Lula. Embora muitas obras nunca tenham sido
concluídas, o programa era tido como uma espécie de talismã e ao PAC 1
sucedeu o PAC 2, que agregou ao programa urbanização de favelas,
saneamento, educação e outros empreendimentos de cunho social a serem
concluídos até 2014.
Como todos os empreendimentos do PAC deveriam ser executados com
investimentos públicos e como a capacidade de investir do governo
federal está esgotada, o programa ficou à míngua. Além de agravar a
perda de renda da população e o desemprego, a paralisia das obras atrasa
o desenvolvimento do País. O programa rodoviário é o mais afetado pela
crise do PAC. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit), por exemplo, tem 134 obras do PAC sem nenhum pagamento neste
ano. Mesmo quando o governo se dispõe a quitar débitos, havendo recursos
empenhados, a liquidação é feita com atraso de 120 dias e o Dnit ainda
está devendo R$ 1,8 bilhão a construtoras, segundo a Associação Nacional
das Empresas de Obras Rodoviárias (Ancor).
Estão paralisados também empreendimentos para aproveitamentos hídricos,
obras de dragagem, infraestrutura portuária, etc. Para escolas de
educação infantil, na propagandeada Pátria Educadora, dos R$ 3,8 bilhões
previstos no orçamento, o governo só empenhou R$ 1,1 bilhão até julho.
Segundo o economista Gil Castelo Branco, da Contas Abertas, o próprio
governo evitar falar no PAC. As autoridades não se preocupam nem mesmo
em adequar o cronograma de obras ao de pagamento. Já no ano passado, o
programa vinha fazendo água, com recursos insuficientes para completar
os projetos iniciados. Agora, o que se vê é que o PAC está afundando no
marasmo.
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