Protesto anti-impeachment
Planejadas pelo PT como respostas aos protestos do último domingo
(16.ago.2015) contra o governo federal, as manifestações de entidades
sociais programadas para quinta-feira (20.ago.2015) aconteceram ao longo
do dia em vários estados do país e no Distrito Federal. Apesar da
defesa do governo, os atos tiveram críticas ao ajuste fiscal promovido
pela presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes se posicionaram ainda
contra a redução da maioridade penal, a Agenda Brasil e gritavam
palavras de ordem contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), denunciado na quinta-feira (20.ago.2015) ao Supremo Tribunal
Federal (STF) e um dos principais alvos durante os atos.
As manifestações sofreram um racha em pelo menos cinco capitais em que a
pauta principal dos manifestantes foi a crítica ao ajuste fiscal e ao
ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No Rio, Fortaleza, Recife, Salvador e
Vitória, o MTST, responsável pelas maiores manifestações realizadas por
grupos de esquerda nos últimos anos, ficou insatisfeito com o caráter
chapa-branca da mobilização e decidiu organizar atos próprios.
Alguns manifestantes carregavam cartazes com a foto da presidente Dilma
com os dizeres "Dilma, Mãos de Tesoura". Também foram alvos dos protestos o
vice-presidente, Michel Temer (que aparece como "Poderoso Chefão"); o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy ("O Lobo de Wall Street"); além de
Cunha ("O Exterminador do Futuro"). Havia peças também pedindo a saída
dos dois últimos. Dois bonecos vestidos como presidiários têm os rostos
de Levy e Cunha. O presidente do Senado também foi criticado pelos
manifestantes.
SÃO PAULO — Contagem feita pelo Datafolha mostra que cerca de 37
mil pessoas participaram do ato realizado na tarde de quinta-feira
(20.ago.2015) em São Paulo, em contraponto aos protestos de domingo
(16.ago.2015) que pediam impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Sob chuva fina, os manifestantes foram do Largo da Batata, em Pinheiros, até a avenida Paulista.
A contagem começou às 17h30 e foi até as 21h30. Nem todos os
manifestantes estiveram presentes durante as quatro horas de protesto. O
pico da manifestação foi às 20h30, quando a contagem indicou cerca de
29 mil pessoas presentes no ato simultaneamente.
A manifestação de quinta-feira (20.ago.2015) recebeu apoio do PT, que
chegou a veicular propaganda fazendo convocação. CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e UNE (União Nacional dos Estudantes) estavam entre os
organizadores do ato.
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e PSOL também participaram,
mas com críticas mais diretas ao ajuste fiscal promovido por Dilma e à
chamada Agenda Brasil, conjunto de propostas encabeçadas pelo PMDB do
Senado e apoiadas pelo governo.
No dia 13 de março deste ano, antevéspera da maior manifestação contra
Dilma realizada na capital paulista, um protesto semelhante chamado por
CUT, UNE e MST (Movimento dos Sem Terra) reuniu 41 mil pessoas, conforme
contagem feita pelo instituto com e mesma metodologia.
Os organizadores do evento afirmaram que o ato mobilizou 100 mil mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, teriam sido 40 mil.
Para a contagem do público, o Datafolha dividiu o trajeto da
manifestação em quadrantes. Em cada um desses trechos, os pesquisadores
aplicaram uma metodologia de contagem a partir da densidade do público.
Entrevistas também foram feitas ao longo do protesto. A combinação
dessas duas técnicas (contagem e entrevistas) possibilitou medir a taxa
de renovação do público durante o período da manifestação.
RIO — O MTST e integrantes do movimento Rua Juventude
Anticapitalista se concentraram na Cinelândia, Centro do Rio, para
protestar contra o ajuste fiscal e a direita. Segundo o estudante Felipe
Machado, um dos organizadores e membro do Rua, o ato foi marcado para
acontecer pela manhã para não ser confundido com a manifestação da
tarde, cujo caráter é de defesa do governo federal.
— Não poderíamos participar dos atos em defesa da Dilma, afinal estamos
vivendo uma crise, temos essa Agenda Brasil e esse ajuste fiscal. Fazer a
defesa do governo seria equivocada — disse Felipe, explicando que o ato
aconteceu, no mesmo dia das manifestações de apoio a Dilma, para se
contrapor ao protesto de domingo (16.ago.2015).
Manifestantes se reuniram na Praça da Cinelândia, no Rio de
Janeiro, com faixas e cartazes na manhã de quinta-feira (20.ago.2015). |
À tarde, teve início na Candelária o ato pró-governo, com manifestantes
carregando bandeiras "contra o golpe, vestindo vermelho e usando um
adesivo com o dizer "não ao golpe, mais direitos e mais democracia". Os
carros de som levavam faixas da CUT e da Sindimetal-Rio e trocavam
paródias. Outros levaram cartazes de "Fora, Cunha" e "Fora, Levy". Um
dia depois de ser aprovada em segundo turno na Câmara, a redução da
maioridade penal foi alvo de fortes críticas na manifestação, com
diversas faixas com a frase "não à redução, mais escola e menos prisão".
Algumas levavam o selo do PCdoB.
Políticos do PT, PCdoB e PV discursaram na passeata realizada no centro do Rio. Todos defenderam Dilma e atacaram Cunha.
Manifestação a favor do governo Dilma ocupou a Avenida Rio Branco, no centro do Rio, na tarde de quinta-feira (20.ago.2015). |
DISTRITO FEDERAL — Militantes, na maioria vestidos de vermelho,
se reuniram na região central de Brasília para manifestação em defesa da
presidente. Um boneco do presidente da Câmara simulando uniforme de
presidiário foi um dos adereços do ato. Uma placa no pescoço do boneco
diz "Ladrão de direitos".
Além de bandeiras vermelhas, muitos militantes carregaram placas com
dizeres como "Golpe não" e "#foratucanoscorruptos". O ato teve a adesão
de partidos políticos aliados do governo e de movimentos sociais, como o
estudantil.
Apesar dos gritos de "olê olê olá, Dilma", os manifestantes pediram
mudanças na política econômica. Além de cartazes malhando Levy, a
organização do ato distribuiu panfleto em que defendem a democracia, mas
reivindicam "uma nova política econômica".
Segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal passada às 18h20min, havia 400 pessoas no ato.
Militantes, na maioria vestidos de vermelho, se reúnem na região central
de Brasília para manifestação em defesa da presidente Dilma Rousseff. |
Um boneco do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), simulando
uniforme de presidiário, é um dos adereços do ato organizado pelo PT. Uma placa no pescoço do boneco diz "Ladrão de direitos". |
PORTO ALEGRE — O Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos
Sociais coletou 610 assinaturas de apoio a um manifesto que pede o fim
da interferência econômica no processo eleitoral e se posiciona contra o
“ataque sistemático aos direitos sociais”. Sem fazer referência ao
ajuste fiscal do governo, o manifesto também conclama a sociedade a
lutar “contra os retrocessos sociais e legais”.
O ato, que reuniu cerca de 800 pessoas no salão paroquial de uma igreja
de Porto Alegre, fez parte da agenda de manifestações nacionais de apoio
ao governo e contra as propostas de impeachment ou renúncia da
presidente Dilma Rousseff. A plenária teve a presença de militantes da
CUT, CTB, UGT, Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), UNE, Nova
Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), MST, PT e PC do B.
No final da tarde, cerca de mil pessoas, segundo os organizadores, e
800, de acordo com a Brigada Militar, participaram de uma caminhada
pelas principais ruas do centro de Porto Alegre. A manifestação, que
reuniu militantes de vários movimentos sociais e partidos políticos,
teve como palavra de ordem a defesa do governo da presidente Dilma.
Na manifestação, além disso, não houve críticas à política econômica atual do governo e nem referências diretas a Cunha.
Em Porto Alegre, ato pró-governo reúne membros de movimentos sociais e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). |
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