sexta-feira, 21 de agosto de 2015


Protesto anti-impeachment

Planejadas pelo PT como respostas aos protestos do último domingo (16.ago.2015) contra o governo federal, as manifestações de entidades sociais programadas para quinta-feira (20.ago.2015) aconteceram ao longo do dia em vários estados do país e no Distrito Federal. Apesar da defesa do governo, os atos tiveram críticas ao ajuste fiscal promovido pela presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes se posicionaram ainda contra a redução da maioridade penal, a Agenda Brasil e gritavam palavras de ordem contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado na quinta-feira (20.ago.2015) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos principais alvos durante os atos.

As manifestações sofreram um racha em pelo menos cinco capitais em que a pauta principal dos manifestantes foi a crítica ao ajuste fiscal e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No Rio, Fortaleza, Recife, Salvador e Vitória, o MTST, responsável pelas maiores manifestações realizadas por grupos de esquerda nos últimos anos, ficou insatisfeito com o caráter chapa-branca da mobilização e decidiu organizar atos próprios.

Alguns manifestantes carregavam cartazes com a foto da presidente Dilma com os dizeres "Dilma, Mãos de Tesoura". Também foram alvos dos protestos o vice-presidente, Michel Temer (que aparece como "Poderoso Chefão"); o ministro da Fazenda, Joaquim Levy ("O Lobo de Wall Street"); além de Cunha ("O Exterminador do Futuro"). Havia peças também pedindo a saída dos dois últimos. Dois bonecos vestidos como presidiários têm os rostos de Levy e Cunha. O presidente do Senado também foi criticado pelos manifestantes.

SÃO PAULO — Contagem feita pelo Datafolha mostra que cerca de 37 mil pessoas participaram do ato realizado na tarde de quinta-feira (20.ago.2015) em São Paulo, em contraponto aos protestos de domingo (16.ago.2015) que pediam impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Sob chuva fina, os manifestantes foram do Largo da Batata, em Pinheiros, até a avenida Paulista.
A contagem começou às 17h30 e foi até as 21h30. Nem todos os manifestantes estiveram presentes durante as quatro horas de protesto. O pico da manifestação foi às 20h30, quando a contagem indicou cerca de 29 mil pessoas presentes no ato simultaneamente.
A manifestação de quinta-feira (20.ago.2015) recebeu apoio do PT, que chegou a veicular propaganda fazendo convocação. CUT (Central Única dos Trabalhadores) e UNE (União Nacional dos Estudantes) estavam entre os organizadores do ato.
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e PSOL também participaram, mas com críticas mais diretas ao ajuste fiscal promovido por Dilma e à chamada Agenda Brasil, conjunto de propostas encabeçadas pelo PMDB do Senado e apoiadas pelo governo.
No dia 13 de março deste ano, antevéspera da maior manifestação contra Dilma realizada na capital paulista, um protesto semelhante chamado por CUT, UNE e MST (Movimento dos Sem Terra) reuniu 41 mil pessoas, conforme contagem feita pelo instituto com e mesma metodologia.
Os organizadores do evento afirmaram que o ato mobilizou 100 mil mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, teriam sido 40 mil.
Para a contagem do público, o Datafolha dividiu o trajeto da manifestação em quadrantes. Em cada um desses trechos, os pesquisadores aplicaram uma metodologia de contagem a partir da densidade do público.
Entrevistas também foram feitas ao longo do protesto. A combinação dessas duas técnicas (contagem e entrevistas) possibilitou medir a taxa de renovação do público durante o período da manifestação.


RIO — O MTST e integrantes do movimento Rua Juventude Anticapitalista se concentraram na Cinelândia, Centro do Rio, para protestar contra o ajuste fiscal e a direita. Segundo o estudante Felipe Machado, um dos organizadores e membro do Rua, o ato foi marcado para acontecer pela manhã para não ser confundido com a manifestação da tarde, cujo caráter é de defesa do governo federal.
— Não poderíamos participar dos atos em defesa da Dilma, afinal estamos vivendo uma crise, temos essa Agenda Brasil e esse ajuste fiscal. Fazer a defesa do governo seria equivocada — disse Felipe, explicando que o ato aconteceu, no mesmo dia das manifestações de apoio a Dilma, para se contrapor ao protesto de domingo (16.ago.2015).

Manifestantes se reuniram na Praça da Cinelândia, no Rio de Janeiro,
com faixas e cartazes na manhã de quinta-feira (20.ago.2015).

À tarde, teve início na Candelária o ato pró-governo, com manifestantes carregando bandeiras "contra o golpe, vestindo vermelho e usando um adesivo com o dizer "não ao golpe, mais direitos e mais democracia". Os carros de som levavam faixas da CUT e da Sindimetal-Rio e trocavam paródias. Outros levaram cartazes de "Fora, Cunha" e "Fora, Levy". Um dia depois de ser aprovada em segundo turno na Câmara, a redução da maioridade penal foi alvo de fortes críticas na manifestação, com diversas faixas com a frase "não à redução, mais escola e menos prisão". Algumas levavam o selo do PCdoB.
Políticos do PT, PCdoB e PV discursaram na passeata realizada no centro do Rio. Todos defenderam Dilma e atacaram Cunha.

Manifestação a favor do governo Dilma ocupou a Avenida Rio Branco, no centro do Rio,
na tarde de quinta-feira (20.ago.2015).

DISTRITO FEDERAL — Militantes, na maioria vestidos de vermelho, se reuniram na região central de Brasília para manifestação em defesa da presidente. Um boneco do presidente da Câmara simulando uniforme de presidiário foi um dos adereços do ato. Uma placa no pescoço do boneco diz "Ladrão de direitos".
Além de bandeiras vermelhas, muitos militantes carregaram placas com dizeres como "Golpe não" e "#foratucanoscorruptos". O ato teve a adesão de partidos políticos aliados do governo e de movimentos sociais, como o estudantil.
Apesar dos gritos de "olê olê olá, Dilma", os manifestantes pediram mudanças na política econômica. Além de cartazes malhando Levy, a organização do ato distribuiu panfleto em que defendem a democracia, mas reivindicam "uma nova política econômica".
Segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal passada às 18h20min, havia 400 pessoas no ato.

Militantes, na maioria vestidos de vermelho, se reúnem na região central de Brasília
para manifestação em defesa da presidente Dilma Rousseff.

Um boneco do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), simulando uniforme
de presidiário, é um dos adereços do ato organizado pelo PT. Uma placa no pescoço
do boneco diz "Ladrão de direitos".

PORTO ALEGRE — O Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais coletou 610 assinaturas de apoio a um manifesto que pede o fim da interferência econômica no processo eleitoral e se posiciona contra o “ataque sistemático aos direitos sociais”. Sem fazer referência ao ajuste fiscal do governo, o manifesto também conclama a sociedade a lutar “contra os retrocessos sociais e legais”.
O ato, que reuniu cerca de 800 pessoas no salão paroquial de uma igreja de Porto Alegre, fez parte da agenda de manifestações nacionais de apoio ao governo e contra as propostas de impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff. A plenária teve a presença de militantes da CUT, CTB, UGT, Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), UNE, Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), MST, PT e PC do B.
No final da tarde, cerca de mil pessoas, segundo os organizadores, e 800, de acordo com a Brigada Militar, participaram de uma caminhada pelas principais ruas do centro de Porto Alegre. A manifestação, que reuniu militantes de vários movimentos sociais e partidos políticos, teve como palavra de ordem a defesa do governo da presidente Dilma.
Na manifestação, além disso, não houve críticas à política econômica atual do governo e nem referências diretas a Cunha.

Em Porto Alegre, ato pró-governo reúne membros de movimentos sociais e
 da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).


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