terça-feira, 25 de agosto de 2015


Falta de transparência da economia chinesa cria princípio de pânico no mercado
O princípio de pânico que tomou os mercados tem como uma de suas principais causas a falta de transparência da economia da China

O princípio de pânico que tomou os mercados na segunda-feira (24.ago.2015) tem como uma de suas principais causas a falta de transparência da economia da China. Ninguém sabe o tamanho da encrenca enfrentada pelo setor produtivo nem a verdadeira situação dos bancos.
São tremores de forte intensidade que atingem a segunda maior locomotiva do mundo. Trata-se de grande importadora de alimentos, de energia e de matérias-primas (commodities). No entanto, ostenta uma administração hermética, embora aberta aos capitais, cujos administradores de tempos em tempos, como agora, sentem que operam na escuridão.
Há duas semanas, o Banco do Povo da China deu início a um processo que desvalorizou a moeda nacional, o yuan, em cerca de 2,9%. A decisão foi percebida como sinal de fragilidade. Imediatamente levantou questões sobre se o ajuste cambial seria suficiente para puxar pelas exportações e, em seguida, pela alta das importações de commodities.


A Bolsa de Xangai já caiu 12,39% apenas neste mês, também por falta de clareza. No sábado (22.ago.2015), o Conselho Estatal da China pela primeira vez autorizou os fundos de pensão administrados por governos locais a adquirir ações para suas carteiras e, assim, criar mais demanda para ativos em rejeição. Apesar desse empurrão, as ações mergulharam 8,5% na segunda-feira (24.ago.2015), aparentemente porque os investidores viram nessa decisão reconhecimento implícito de que a economia chinesa está muito desarrumada.
Os mercados suspeitam de que haja uma bolha em processo de perfuração, que não alcança só o mercado de ações, mas, também, o mercado imobiliário e os bancos, que podem estar excessivamente carregados com títulos ruins.
Mas não dá para ignorar a importância de três fatores positivos. O primeiro é o ritmo da produção e da criação de renda. Por mais que venha sendo atingido pela tempestade, o PIB da China segue crescendo acima de qualquer outra economia do mundo, a um ritmo que pode não ser mais de 7,0% ao ano, mas está entre 6,0% e 6,5%. O segundo é a montanha de reservas de US$ 3,7 trilhões, que deveria passar mais segurança às novas manadas de sinocéticos. E o terceiro, o de que, seja como for, a China seguirá como grande importadora de commodities, especialmente de alimentos.
As convulsões chinesas vêm sendo transmitidas em onda pelo resto do mundo porque atingem os países emergentes, entre os quais o Brasil, seus grandes fornecedores.
Se a derrubada dos preços das commodities se intensificar - e persistir -, será inevitável o impacto deflacionário nas economias maduras. Um processo acentuado de deflação produz estragos equivalentes ou até maiores do que os da inflação, porque adia as compras dos consumidores, que ficam à espera de queda de preços, reduz a arrecadação dos governos e aumenta as dívidas, na medida em que estas não encolhem na proporção em que encolhem preços e salários.
Nessas condições do mar, o capitão despeja as cargas para aliviar o navio. Mas hoje, no Brasil, a crise política, tão grande ou até maior do que a econômica, vem lançando dúvidas sobre quem de fato comanda o navio.
Mais um adiamento? A deterioração da economia dos países emergentes não interessa às economias maduras, porque lhes tira mercado exportador. Nas outras crises, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) participou ativamente do ajuste por meio da derrubada dos juros. Mas, desta vez, os juros estão prostrados e não há como derrubá-los mais. Isso sugere que o Fed não tem outra opção senão adiar para 2016 o início da tão esperada alta dos juros (valorização do dólar).



Atualizando: Após 'segunda-feira negra', Bolsas na Ásia voltam a fechar em forte queda

Depois de levar pânico aos mercados mundiais na segunda-feira (24.ago.2015), quando a Bolsa de Xangai caiu 8,49%, o mercado acionário chinês voltou a sofrer fortes perdas nesta terça-feira (25.ago.2015). Na ausência de novas medidas por parte do governo, o principal índice da Bolsa de Xangai encerrou o dia em queda de 7,63%.
A queda na segunda-feira (24.ago.2015) foi a maior desde 2007. Desde seu pico, em 12 de junho, a queda acumulada é de 42%.

O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou a terça-feira (25.ago.2015) em forte queda de 3,96%, aos 17.806,70 pontos. O segundo indicador, o Topix, que reúne os valores da primeira seção, caiu 3,25%, para 1.432,65 pontos.

As demais Bolsas da Ásia mostraram volatilidade ao longo do dia, abrindo em baixa, mas recuperando e fechando com leves altas.

As principais Bolsas europeias, por sua vez, abriram o dia com leves altas. Londres iniciou o pregão com ganho de 1,65%, Paris, 1,84%, Frankfurt, 1,87%, Madri, 1,25%, e Milão, 1,97%.


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