Arrecadação soma R$ 104,868 bilhões em julho e tem pior resultado desde 2010
Volume representa uma queda real de 3,13% em relação a 2014
A arrecadação de impostos e contribuições federais voltou a cair em
julho. Segundo relatório divulgado pela Receita Federal na terça-feira
(18.ago.2015), o montante somou R$ 104,868 bilhões no mês, o que
representa uma queda real (já descontada a inflação) de 3,13% em relação
a 2014. No acumulado janeiro-julho de 2015, a sociedade brasileira
pagou o equivalente a R$ 712,076 bilhões em tributos federais — uma
retração de 2,91% na comparação com o mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados do Fisco, o resultado mensal é o pior para o
período desde 2010. Em julho daquele ano, a arrecadação somou R$ 97,047
bilhões. Já o número acumulado é o mais baixo desde 2010, quando os
tributos federais somaram R$ 643,634 bilhões entre janeiro e julho.
O fraco desempenho da arrecadação foi o principal responsável pela
decisão da equipe econômica de reduzir a meta de superávit primário
(economia feita para o pagamento de juros da dívida pública) de 2015. O
valor baixou de R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB,
soma de bens e serviços produzidos no país), para de R$ 8,7 bilhões, ou
0,15% do PIB.
DESONERAÇÕES CAUSARAM ROMBO
De acordo com o relatório da Receita, as desonerações feitas nos últimos
anos para estimular a economia e a redução do pagamento do Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro
Líquido (CSLL) foram os principais responsáveis pelo tombo da
arrecadação em julho. As desonerações resultaram numa renúncia fiscal de
R$ 7,748 bilhões no mês.
Já o recolhimento do IRPJ e da CSLL, de R$ 17,954 bilhões, teve retração
de 11,69% em relação a julho do ano passado. Com isso, houve uma perda
de receita de R$ 2,377 bilhões no período.
Por outro lado, a Receita recebeu um reforço extraordinário de R$ 2,337
bilhões no mês passado. Esse valor se refere ao pagamento de débitos
tributários que estavam em atraso.
No acumulado do ano, a fraca arrecadação do IRPJ e da CSLL já fez com
que o recolhimento desses dois tributos recuasse 9,51%, ou R$ 12,579
bilhões, em 2015. As desonerações, por sua vez, somaram R$ 62,630
bilhões, o que também afetou os cofres da União.
No entanto, houve uma arrecadação extraordinária de R$ 10 bilhões entre
janeiro e julho. Deste total, R$ 4,4 bilhões se referem ao pagamento de
débitos em atraso, R$ 4,6 bilhões a uma operação de transferência de
ativos entre empresas e R$ 1 bilhão a remessas para residentes do
exterior em razão da alienação de ativos.
PETROBRAS
A Petrobras ajudou a arrecadação em julho. O chefe do Centro de Estudos
Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, informou que a
estatal respondeu pela maior parte das receitas extraordinárias de R$
2,337 bilhões que ingressaram nos cofres no mês passado. A empresa
decidiu encerrar uma disputa judicial que vinha travando com a União em
torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre transações no
exterior e recolheu R$ 1,2 bilhão.
Um outro contribuinte pagou R$ 645 milhões para encerrar uma pendência
com o Fisco. Segundo Malaquias, o restante das receitas extraordinárias
veio de valores menores pagos por empresas que também decidiram de
disputas em torno de cobranças tributárias.
Segundo Malaquias, o fraco desempenho da arrecadação decorre da retração
na economia. Com a atividade patinando, caem as vendas e a
lucratividade das empresas, e isso se reflete sobre o recolhimento de
impostos e contribuições.
— A queda é explicada por vários fatores, todos vinculados à atividade
econômica. Alguns tributos têm comportamento muito aderente ao
desempenho do consumo e de das vendas do varejo, por exemplo.
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