Viagem de Dilma aos EUA dá calote de US$ 100 mil em aluguel de limusines
O empresário Eduardo Marciano (à esquerda de Dilma) disse ter procurado o
Consulado mais de 10 vezes e a resposta foi que não havia dinheiro |
O proprietário de uma empresa de limusines em San Francisco (EUA) disse
que entrará na Justiça americana contra o governo brasileiro se não
receber o pagamento de US$ 100 mil pelos serviços de transporte
prestados durante a viagem oficial da presidente Dilma Rousseff à
Califórnia, em julho.
O cônsul-geral de San Franciso confirmou que o montante não foi quitado, mas considerou "normal" o "atraso".
"Ainda não recebemos os recursos de Brasília. Não sei exatamente a
razão. Deve ser algum problema orçamentário, então a gente não pôde
ainda realizar o pagamento", disse Eduardo Prisco Paraiso Ramos.
Segundo o brasileiro Eduardo Marciano, dono da NS Highfly Limousine, a
comitiva contratou 25 motoristas, dois ônibus, um caminhão, três vans e
19 limusines. Marciano disse que usou US$ 40 mil de recursos próprios
para custear parte das diárias dos 25 motoristas mobilizados e das vans,
que ele sublocou.
A história
veio à tona após um texto ser publicado no domingo (16.ago.2015) na CNN
iReport, um site da emissora americana que publica blogueiros diversos
não afiliados à CNN. O blog foi escrito pelo usuário Mack2008,
que diz ser um chef de cozinha ("executive pastry chef", em inglês) de
Miami, Florida (EUA). A maioria de seus posts está relacionada ao Brasil
e à crise do governo.
A presidente esteve na Califórnia no dia 1º de julho, mas os veículos
foram usados de 16 de junho a 2 de julho para os preparativos da visita.
Dilma antes passara por Nova York e Washington em uma série de eventos
para vender o pacote de infraestrutura do governo a investidores
estrangeiros e em encontro com o colega americano, Barack Obama.
"Estou cansado de ir ao consulado [em San Francisco]. Não quero levar o
governo para a corte aqui. Mas não posso ter um prejuízo desses", disse
Marciano. O empresário lamentou que as diversas tentativas de
comunicação diretamente com o Itamaraty foram frustradas.
CRISE
O Ministério das Relações Exteriores enfrenta uma crise motivada pelo
corte de R$ 40,7 milhões no orçamento em 2015 imposto pelo governo
federal. Diversos serviços da pasta têm sido afetados.
Na semana passada, os cerca de 10 postos brasileiros nos Estados Unidos
receberam um comunicado informando o cancelamento das apólices de seguro
de veículos oficiais, segundo um funcionário que não quis ser
identificado. Uma autoridade teria recomendado a não utilização dos
carros.
O cônsul-geral em San Francisco disse que tomou uma série de medidas
administrativas para encomendar vários serviços solicitados por
Brasília, mas não recebeu os pagamentos.
Questionado se outros serviços não foram pagos, Ramos disse: "Olha,
assim de cabeça eu não sei. Mas sei que várias coisas já foram pagas.
Talvez ainda haja alguma coisa por pagar. Mas é normal, está vindo
normalmente. A Secretaria de Estado vai mandando dinheiro e a gente vai
fazendo os pagamentos. É normal, algum atraso é sempre normal."
Marciano, natural de São Paulo, está nos EUA há cerca de 10 anos e mora
em San Bruno, perto do aeroporto de San Francisco, na Califórnia.
BRASIL DÁ CALOTE
Porta-voz da reunião que Dilma Rousseff teve na segunda-feira
(17.ago.2015) com os membros da coordenação política do governo, o
ministro Edinho Silva (Comunicação Social) tentou animar a plateia:
“Queremos a construção de uma agenda e otimismo. Temos que acreditar na
força do nosso país. Em breve estaremos saindo das dificuldades.”
Recomenda-se a Edinho que telefone para Eduardo Marciano, um brasileiro que reside na Flórida — ele está muito pessimista.
Dilma permaneceu na Califórnia por um dia, 1º de julho. Mas os veículos
locados na firma de Marciano rodaram de 16 de junho a 2 de julho.
Sabe-se que uma viagem presidencial é precedida de alguma preparação.
Mas cabe perguntar: se o Brasil está endividado até a raiz do meu, do
seu, do nosso cabelo, por que diabos alugou dois ônibus, um caminhão,
três vans e 19 limusines? Assim não há otimismo que dê jeito.
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