domingo, 23 de agosto de 2015


Petrobras deixa à deriva barcos de apoio a plataformas de exploração

A redução dos investimentos em exploração da Petrobras começa a afetar um segmento que teve crescimento expressivo nos últimos anos: as embarcações de apoio a plataformas de petróleo, usadas para levar mantimentos e prestar serviços especializados às unidades em alto-mar.
No primeiro semestre, a frota do país registrou queda pela primeira vez desde 2000, de 500 para 488 navios —nem todos, porém, estão operando.
Estimativas indicam que de 20 a 25 embarcações estejam paradas por falta de contrato. Os navios ficam fundeados na baía de Guanabara ou em frente à praia de Copacabana à espera de solução.
O setor projeta desempenho ainda pior neste semestre, quando vencem 147 contratos com a petrolífera.
O mercado de barcos de apoio engloba desde navios para o transporte de carga a embarcações tecnológicas usadas para o lançamento de equipamentos submarinos.
A demanda por embarcações está relacionada ao número de plataformas e sondas de perfuração em operação na costa. Cada unidade em alto-mar precisa de 3 a 5 barcos de apoio regularmente.
O mercado sente os efeitos da redução nos investimentos da Petrobras em exploração de novas áreas, que caíram 16% no primeiro semestre, para R$ 4,932 bilhões.
O plano de negócios da companhia para os próximos cinco anos prevê foco no desenvolvimento de novas descobertas, com mais cortes na exploração. Por isso, a expectativa é que grande parte dos contratos próximos ao vencimento não seja renovada.

Por causa da crise barcos ficam parados na baía de Guanabara (RJ)

SILÊNCIO
Há uma espécie de pacto de silêncio no setor: de estaleiros a corretores, ninguém quer se indispor com a Petrobras antes do início das renegociações de contratos.
Como a legislação dá preferência à contratação de embarcações de bandeira brasileira, os estrangeiros são os primeiros a sentir a crise.
No primeiro semestre, 27 embarcações de bandeira estrangeira deixaram o país, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam). Outras 15 brasileiras foram entregues por estaleiros nacionais, resultando em perda líquida de 12 navios ante o fim de 2014.
A Petrobras diz que "avalia a demanda por embarcações de apoio com base no novo Plano de Negócios e Gestão, considerando em sua análise os contratos com vencimento no curto prazo".


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