terça-feira, 11 de agosto de 2015


Sapato brasileiro ganha espaço para enfrentar chinês no mercado global

A valorização do dólar e o fraco desempenho das vendas no Brasil têm feito os calçadistas brasileiros gastarem as solas dos sapatos na busca por novos mercados, principalmente o asiático.
Durante a feira alemã GDS (Global Destination for Shoes), em julho passado, 29 etiquetas desembarcaram nos estandes da cidade de Düsseldorf, sede do evento.
Membros do projeto Brazilian Footwear — braço da Apex-Brasil, agência federal que promove ações de incentivo às exportações —, grifes como West Coast, Cravo & Canela e Beira Rio venderam, segundo a agência, quase R$ 10 milhões.
Espera-se que esse valor, ainda abaixo dos R$ 21 milhões conquistados na edição do ano passado, aumente e anime os empresários. Na feira Francal, uma das maiores do segmento realizada anualmente em Franca, no interior paulista, as indústrias amargaram uma retração de 44% nas vendas no comparativo com a edição de 2014.
"A maioria das vendas acontecerá nos próximos meses, a partir do que negociamos com os compradores quem vêm à Alemanha", diz o executivo de vendas Giuseppe Del Vecchio.
"O Oriente Médio é bastante interessado no produto brasileiro, em especial a Arábia Saudita, que hoje reconhece nosso calçado como sendo mais confortável se comparado ao da China."
Responsável pelo setor de exportações do grupo Priority, que detém as marcas West Coast e Cravo & Canela, Del Vecchio diz que os empresários estão empenhados na "reconquista dos mercados internacionais, que foram deixados de lado devido à falta de competitividade dos nossos sapatos com o real valorizado".
Um sapato de ambas as marcas foi comercializado na feira por um preço médio de R$ 56, próximo aos R$ 30 da média chinesa.
Os Emirados Árabes representaram mais da metade das vendas da marca paulista Toni Salloum, que não divulga números de vendas.
Por sua vez, Kuait e Israel foram um respiro para a marca catarinense Suzana Santos. Segundo Manoela Santos, responsável pela internacionalização da marca, o interesse maior é pelas sapatilhas, produto de valor agregado menor se comparado à vasta oferta de saltos altos da marca, porém mais baratos — custam, em média R$ 55.
As grifes europeias, por sua vez, ainda enxergam com bons olhos o mercado brasileiro. A Birkenstock, grife alemã de sandálias com palmilhas flexíveis, confia em produtos mais baratos para iniciar neste mês sua primeira operação na América Latina, em São Paulo.
A marca francesa Kart, especializa em acessórios estampados, também procura maneiras de entrar no país e estuda parcerias com investidores.

Operários trabalham na fabrica de calçados Anatomic Gel, em Franca interior paulista

Sapatos ibéricos e da ex-Iugoslávia contra-atacam preços chineses
A turbulência econômica que a China atravessa e a gradativa alta dos preços dos produtos chineses, fruto da reforma trabalhista empreendida no país desde 2008, serviu de oportunidade para Portugal, Espanha, Croácia e Sérvia alavancarem as vendas de sapatos para marcas europeias.
Executivo de vendas da grife portuguesa de "private label" Coxx Borba, Vitor Magalhães diz que o programa Portugal 2020, que o governo do país europeu iniciou no ano passado para estimular a indústria local, o maior responsável pela produção de mais de 20 milhões de pares por ano que o país consegue produzir.
"Quase tudo o que produzimos abastece grifes da Europa, que preferem comprar produtos da União Europeia pela proximidade entre os países", explica Magalhães.
Por meio de uma união de pequenos produtores e empresas familiares, a Sérvia conseguiu formar uma associação de seis pequenas marcas oriundas do sul do país que também abastecem marcas europeias. O preço do sapato comercializado na feira GDS (Global Destination for Shoes), onde as marcas montaram estande, gira em torno de 10 euros.
O presidente da grife croata Borovo, Gordan Kolundzic, diz que "após 20 anos do fim da guerra da Iugoslávia, as marcas e os produtores locais estão investindo em maquinário e em inovação para competir com outros países".
Tanto nos países ibéricos quanto nos da ex-Ioguslávia, o salário pago aos trabalhadores pode ser 40% menor que o praticado pela Alemanha, por exemplo, o que explicaria os valores baixos.

Vendas no Brasil
A crise econômica pela qual atravessa o Brasil, marcada pela alta da inflação, dos juros no crediário, pelo aumento do desemprego e pela queda da confiança dos consumidores, afetou negativamente o desempenho do varejo — as vendas do varejo tiveram queda. O cenário ruim para o comércio deve continuar.




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