‘Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu’, diz Dilma em discurso
Presidente voltou a afirmar que aguenta pressão
Um dia após o panelaço contra seu governo, e cada vez mais pressionada 
pela base aliada, que agora tenta reduzir o espaço do PT no Ministério, a
 presidente Dilma Rousseff fez na sexta-feira (07.ago.2015), em Roraima,
 um enfático discurso destacando que o que lhe dá legitimidade para 
governar é o voto popular. Acompanhada apenas pelo ministro Gilberto 
Kassab (Cidades) — já que outros ministros estavam em São Paulo em ato 
de solidariedade ao ex-presidente Lula —, Dilma afirmou que é uma pessoa
 que “aguenta ameaças”, e que uma democracia “respeita a eleição direta 
pelo voto popular”.
— Podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me 
deram. A primeira característica de quem honra o voto que lhe deram é 
saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa 
legitimidade que o voto me deu — disse a presidente.
Para uma plateia formada, em sua maioria, por beneficiários do Minha Casa Minha Vida, afirmou:
— Sou uma pessoa que aguento pressão. Sou uma pessoa que aguento ameaça.
 Aliás, eu sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida. Acho que o 
Brasil hoje é muito diferente daquele Brasil que eu tive de enfrentar as
 mais terríveis dificuldades. Porque este país é uma democracia, e uma 
democracia respeita, sobretudo, a eleição direta pelo voto popular.
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| Dilma participa de cerimônia de entrega casas do Programa  Minha Casa Minha Vida, em Boa Vista (RR)  | 
No encerramento de uma semana que começou com a prisão de um símbolo do 
partido, o ex-ministro José Dirceu, e acabou marcada pelo panelaço e 
pelos adversários aumentando os debates sobre forma de lhe tirar do 
poder, Dilma se refugiou entre os beneficiários do Minha Casa Minha 
Vida, e foi aplaudida em vários momentos de seu discurso.
Ela afirmou que vai se esforçar para garantir a estabilidade política. 
Sem entrar em detalhes, disse que trabalhará “incansavelmente” por isso.
 Dilma dedicou parte de seu discurso para falar sobre o atual cenário 
econômico do país. Ao reconhecer que o Brasil passa por “dificuldades”, 
destacou que o país é “muito mais robusto” do que em anos anteriores e 
citou reservas cambiais que ultrapassam os US$ 300 bilhões:
— É fato que o Brasil passa por dificuldades, mas é fato também que nós 
somos hoje um país muito mais robusto e muito mais forte.
'PT TEM CARGOS DEMAIS'
A base aliada no Congresso, no entanto, quer que a reforma ministerial, 
que já vem sendo debatida abertamente, comece por um esvaziamento do PT.
 Representantes de partidos aliados rebelados em relação ao Palácio do 
Planalto estão defendendo que a legenda seja sacrificado na composição 
do governo, como forma de começar a reestruturação da base no Congresso 
para amenizar a crise política. Segundo os líderes, o PT ocupa no 
governo um espaço muito superior à sua força política no Congresso.
Na reunião entre Michel Temer e os líderes da base, a questão foi 
levantada. Segundo relatos, houve uma concordância quase generalizada 
com a avaliação de que o PT precisa ter menos ministérios. Exceto por 
parte dos líderes do governo e do PT, José Guimarães (PT-CE) e Sibá 
Machado (AC), respectivamente, que se mantiveram em silêncio sobre essa 
discussão. Temer teria se comprometido a levar o assunto para Dilma e 
também fazer o relato na próxima reunião de coordenação política do 
governo.
CRISE POLÍTICA
Diante do acirramento da crise política, Dilma vai interromper o Dia dos
 Pais de seus ministros mais cedo, e os receberá no Palácio da Alvorada 
para uma conversa sobre o duro momento que seu governo enfrenta. Michel 
Temer e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Eliseu Padilha 
(Aviação Civil), Jaques Wagner (Defesa), Ricardo Berzoini, 
(Comunicações) e Edinho Silva (Comunicação Social) devem participar.
Além dos desdobramentos do esfacelamento da base aliada na Câmara, Dilma
 também quer conversar com seus auxiliares sobre um plano de reação. A 
partir da próxima semana, ela promoverá rodadas de diálogo com 
empresários e com movimentos sociais. Esses eventos serão casados com 
agendas positivas. Na segunda-feira(10.ago.2015), Dilma vai ao Maranhão 
entregar mais casas do Minha Casa Minha Vida. Na sexta-feira 
(14.ago.2015), ela vai para a Bahia entregar mais casas e encontrar 
representantes de movimentos sociais.
Atônito, o Planalto tenta definir um plano para sair da crise mas, por 
enquanto, só bateu o martelo em torno de medidas pontuais. O 
diagnóstico, pelo menos, já está fechado, e é o de que o governo Dilma 
está “no fio da navalha”.

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