terça-feira, 4 de agosto de 2015


Lava Jato pede prisão de jornalista, mas Moro nega
Investigadores apontaram que blog Brasil 247 teria recebido R$ 120 mil relativo a propina destinada ao PT no esquema da Petrobrás; juiz concordou que houve repasse, mas entendeu ser 'necessário um aprofundamento maior das investigações'

Leonardo Atuch
O Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão temporária do jornalista Leonardo Atuch, responsável pelo blog Brasil 247, e o bloqueio de R$ 120 mil de contas ligadas a ele pelo recebimento de propinas dirigidas ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Em sua decisão relativa à 17ª fase da Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro concordou que houve pagamentos de propinas à Editora 247 mas entendeu ser "necessário um aprofundamento maior das investigações" e negou os pedidos.
"Relativamente às medidas requeridas pelo MPF em relação a Editora 247 e Leonardo Attuch, apesar das provas, em cognição sumária, de pagamento a eles de valores decorrentes de acertos de propina no esquema criminoso da Petrobrás, entendo que é necessário que a apuração seja previamente aprofundada e em processo a parte, inviável no momento bloqueio e buscas e apreensões", escreveu Moro, na decisão.
Segundo o MPF, a editora recebeu R$ 120 mil entre setembro de dezembro de 2014 por intermédio da Jamp Engenheiros Associados, empresa de fachada do lobista Milton Pascowitch, "ocorrido como formas de conferir aparência de legalidade aos pagamentos de João Vaccari Neto".
Em sua delação premiada, Pascowitch afirmou que Vaccari pediu que fosse feita uma reunião com Leonardo Atuch para a simulação de um contrato de prestação de serviço. Segundo Pascowitch, foram feitos pagamentos de R$ 120 mil e que "não houve qualquer serviço prestado pela Editora 247".
O lobista afirmou ainda que, na reunião, "ficou claro que não haveria qualquer prestação de serviço mas que era uma operação para dar legalidade ao 'apoio' que o Partido dos Trabalhadores dava ao blog mantido por Leonardo". O montante supostamente pago à editora, ainda segundo o delator, seria "abatido" no valor que estava à disposição de Vaccari. O irmão de Milton, José Adolfo Pascowitch, confirmou tanto os pagamentos para Editora 247 quanto a inexistência de prestação de serviço pela editora.

Documento — Milton Pascowitch explica: "Ficou claro que não haveria qualquer prestação de serviço mas que era uma operação para dar legalidade ao 'apoio' que o PT dava ao blog mantido por Leonardo". O valor foi "abatido" da propina que estava à disposição de Vaccari.

O jornalista Leonardo Atuch confirmou que teve reunião com os irmãos Pascowitch, mas negou que tenha recebido dinheiro oriundo de propina da Lava Jato. Segundo Atuch, foi assinado um contrato "normal" entre a Editora 247 e a Jamp Engenheiros Associados que previa a produção de reportagens "publieditoriais" que foram publicadas durante quatro meses no portal Brasil 247. O dono da editora afirma, ainda, que Pascowitch se apresentou como representante institucional da Engevix Engenharia, que teria interesse em defender, com os textos, a engenharia nacional.   
Procurada pela reportagem, a Engevix não se manifestou até o momento.

Nota da Editora 247:
– Em decorrência do noticiário desta segunda-feira (03.ago.2015) sobre a Operação Lava Jato, a Editora 247 esclarece que foi contratada pela Jamp, por meio do senhor José Adolfo Pascowitch, para a produção de conteúdo sobre o setor de engenharia. Os serviços foram efetivamente prestados, as notas fiscais foram emitidas e os impostos recolhidos como em qualquer transação comercial legal e legítima.
A Editora também esclarece que a linha editorial do Brasil 247, veículo de referência na internet brasileira, com alguns dos principais nomes do jornalismo nacional, será mantida, pautando-se sempre pela independência, pela pluralidade e pela defesa das empresas brasileiras e dos interesses nacionais. Até porque a Constituição brasileira assegura o direito à liberdade de expressão como uma de suas cláusulas pétreas.


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