Governo volta atrás e adiantamento do 13º salário a aposentados será mantido
Sob pressão política, o governo Dilma decidiu manter o adiantamento de
metade do 13° salário aos aposentados e pensionistas, pagamento que
havia sido suspenso pelo Ministério da Fazenda sob o argumento de falta
de fluxo de caixa para bancar a despesa.
A data e a forma como se dará o adiantamento serão definidas nesta
quarta-feira (19.ago.2015) em reunião da presidente com sua equipe
econômica. A Fazenda não incluiu na folha de pagamento de agosto, que é
paga entre o final deste mês e o início de setembro, o adiantamento de
metade do 13º.
Diante da falta de recursos em caixa, a equipe de Joaquim Levy
argumentou que a antecipação não é obrigatória e postergou o gasto para
dezembro. A lei prevê o pagamento no último mês do ano, mas há nove anos
o governo federal vinha permitindo o repasse de metade do valor na
folha de agosto.
O pagamento de metade do 13º salário da folha da Previdência representa
um gasto de R$ 15,8 bilhões, que terá de ser feito de qualquer forma
neste ano. Portanto o impacto fiscal, no ano, é o mesmo,
independentemente da data de pagamento.
Decisão sobre 13º do INSS reabre disputa dentro do governo
A decisão do Ministério da Fazenda de não antecipar metade do pagamento
do 13º salário de 32 milhões de beneficiários da Previdência abriu uma
guerra interna na Esplanada.
Ministros do PT e a própria cúpula do partido entraram em cena para tentar demover a presidente Dilma de acatar a decisão.
Uma ala do governo buscava garantir para setembro o pagamento de parte
do 13º, já que a folha de agosto está fechada e rodar outra
extraordinária geraria mais custo.
A ala contrária à medida de não antecipar argumenta que o pagamento terá
de ser feito em dezembro de qualquer forma e, por isso, não há "sentido
econômico" de uma pauta com tanto desgaste, pois o impacto fiscal é o
mesmo.
A crítica foi feita, por ministros e líderes partidários. Levy defendeu a
decisão dizendo que, neste momento, não há dinheiro em caixa para
bancar a antecipação do pagamento.
Segundo a reportagem apurou, a presidente pediu à sua equipe econômica estudos para uma possível alternativa.
Folha Extra
Nesta quarta-feira (19.ago.2015), a presidente vai analisar algumas
alternativas. Entre elas, fazer uma folha extra para que o pagamento
saia no final deste mês e início do próximo.
Há, ainda a possibilidade, mais viável, de que a antecipação da metade
do benefício ocorra na folha de setembro, paga até o início de outubro.
Uma outra alternativa é parcelar o pagamento entre setembro e dezembro para diluir o impacto fiscal.
Congresso ameaçava
Segundo a reportagem apurou, o governo foi informado de que o Congresso
ameaçava aprovar uma norma obrigando o Palácio do Planalto a antecipar a
despesa.
Dessa forma, o governo assumiria o desgaste de não autorizar o
adiantamento e ainda ser forçado a fazê-lo por intervenção do
Legislativo.
Outro foco de pressão veio do PT, partido da presidente, pelo "custo social" da medida.
Entre os argumentos da sigla está o fato de os beneficiários não terem
sido avisados com "antecedência razoável" de que não receberiam o
dinheiro agora. Na avaliação de petistas, "milhares de pessoas" já
haviam contraído dívidas contando com o dinheiro.
No fim de semana, monitoramento feito pelo Executivo nas redes sociais
mostrou uma forte reação contra a presidente da República diante dos
rumores de que o adiantamento não ocorreria.
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