quarta-feira, 19 de agosto de 2015


PT pede na TV que população vá à rua dia 20 de agosto para 'defender a democracia'
Dia 20 não é um ato 'viva Dilma', diz Boulos um dos organizadores da manifestação

Dois dias após os protestos contra o governo, o PT pediu na TV na terça-feira (18.ago.2015) que a população saia às ruas na quinta-feira (20.ago.2015) para "defender a democracia". A legenda diz que "qualquer governo e qualquer partido" cometem erros e acertos.
O conteúdo foi exibido em inserções que foram ao ar na TV na noite de terça-feira (18.ago.2015). Cada comercial tem 30 segundos e foi repetido uma vez. O PT tinha direito a dois minutos para exibir seu material.
Em uma das peças, o PT afirma que "chegou a hora de ir às ruas para defender os direitos trabalhistas, as conquistas sociais dos últimos anos e, acima de tudo, para defender a nossa democracia''.
"Por isso, se junte à mobilização nacional que na quinta-feira, dia 20 de agosto, vai unir movimentos sociais, partidos políticos, centrais sindicais e todos aqueles que acreditam que o Brasil é maior que qualquer crise".


Em outro comercial, o PT faz uma espécie de mea culpa, ainda que modesto, e afirma que "qualquer governo e qualquer partido" vivem bons e maus momentos e cometem "erros e acertos". " É bom recordar os erros para que não aconteçam mais, mas também é bom lembrar que, juntos, criamos um novo Brasil".
A propaganda cita o fim da miséria e o aumento da renda como conquistas dos governos petistas. "Um país que chegou onde chegamos tem tudo para superar qualquer crise na economia".
O programa do PT do segundo semestre foi ao ar no último dia 6.


MOVIMENTOS SOCIAIS
Apesar da convocatória do PT, Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) disse na segunda-feira (17.ago.2015) que o ato de quinta não será 'Viva a Dilma' e que um de seus objetivos é criticar o ajuste fiscal promovido pelo governo e a Agenda Brasil proposta pelo PMDB do Senado.
Apontado como um dos organizadores com maior capacidade de mobilização para o protesto do dia 20 de agosto, Guilherme Boulos, liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) afirmou que o ato não pode ser visto visto como um "viva Dilma".
"Não podemos ter uma visão simplista que dia 16 foi fora Dilma e de que dia 20 é viva Dilma porque não é", disse Boulos.
O líder do MTST destacou que o ato é contra "o golpismo que defende a derrubada da presidente Dilma Rousseff para substituí-la por alternativas à direita", mas que não está em defesa de um governo que é "indefensável do ponto de vista da política econômica e do ajuste fiscal que vem conduzindo".
Boulos falou na tarde de segunda-feira (17.ago.2015) durante a coletiva de imprensa convocada pelos movimentos sociais que estão à frente do ato do dia 20. Na mesa estavam representantes de outros grupos que estão na organização do evento, como os presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, da UJS (União da Juventude Socialista), Renan Alencar, e da UNE, Carina Vitral, além de Edson Carneiro Índio, secretario geral da Intersindical.
O grupo assinou um manifesto intitulado "Contra a Direita e o Ajuste Fiscal", que orientará as reivindicações do dia 20. Entre os pontos abordados estão críticas ao presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha e ao ajuste fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Segundo os organizadores, a previsão é reunir 60 mil pessoas no dia 20. Estão programadas manifestações em mais de 15 capitais além de São Paulo. Na capital paulista, o protesto sairá do Largo da Batata e terminará no Masp, na av. Paulista.

Guilherme Boulos
líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)

APOIO AO PT
Questionados sobre a participação do PT, que já anunciou adesão ao ato e vem destacando o evento como ponto de contraposição às manifestações pelo impeachment de Dilma realizadas no domingo (16.ago.2015), o presidente da CUT destacou que "todos que quiserem defender essas bandeiras (do manifesto) serão bem-vindos".
Segundo ele, PT, PC do B, PSOL e PDT informaram os organizadores que querem participar.

PLANALTO
Para evitar dar munição à oposição, assessores de Dilma defendem que o Planalto se distancie dos atos. Ministros disseram temer que partidos adversários aproveitem para vincular o governo às manifestações caso algo ''fuja do controle''.
O sinal amarelo acendeu dentro do governo após a repercussão negativa de fala do presidente da CUT, Vagner Freitas, na semana passada de que, se for preciso, os movimentos sociais irão às ruas "com arma na mão" para preservar o mandato da petista.
O governo espera novas reações contrárias ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no ato de quinta-feira (20.ago.2015).
Na reunião da coordenação política do governo, Dilma disse ver com naturalidade as críticas, mas afirmou que os movimentos sociais não entendem a complexidade da crise econômica mundial e do Brasil, e que o trabalho do ministro é importante para o Brasil.


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