PT pede na TV que população vá à rua dia 20 de agosto para 'defender a democracia'
Dia 20 não é um ato 'viva Dilma', diz Boulos um dos organizadores da manifestação
Dois dias após os protestos contra o governo, o PT pediu na TV na
terça-feira (18.ago.2015) que a população saia às ruas na quinta-feira
(20.ago.2015) para "defender a democracia". A legenda diz que "qualquer
governo e qualquer partido" cometem erros e acertos.
O conteúdo foi exibido em inserções que foram ao ar na TV na noite de
terça-feira (18.ago.2015). Cada comercial tem 30 segundos e foi repetido
uma vez. O PT tinha direito a dois minutos para exibir seu material.
Em uma das peças, o PT afirma que "chegou a hora de ir às ruas para
defender os direitos trabalhistas, as conquistas sociais dos últimos
anos e, acima de tudo, para defender a nossa democracia''.
"Por isso, se junte à mobilização nacional que na quinta-feira, dia 20
de agosto, vai unir movimentos sociais, partidos políticos, centrais
sindicais e todos aqueles que acreditam que o Brasil é maior que
qualquer crise".
Em outro comercial, o PT faz uma espécie de mea culpa, ainda que
modesto, e afirma que "qualquer governo e qualquer partido" vivem bons e
maus momentos e cometem "erros e acertos". " É bom recordar os erros
para que não aconteçam mais, mas também é bom lembrar que, juntos,
criamos um novo Brasil".
A propaganda cita o fim da miséria e o aumento da renda como conquistas
dos governos petistas. "Um país que chegou onde chegamos tem tudo para
superar qualquer crise na economia".
O programa do PT do segundo semestre foi ao ar no último dia 6.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Apesar da convocatória do PT, Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto) disse na segunda-feira (17.ago.2015) que o
ato de quinta não será 'Viva a Dilma' e que um de seus objetivos é
criticar o ajuste fiscal promovido pelo governo e a Agenda Brasil
proposta pelo PMDB do Senado.
Apontado como um dos organizadores com maior capacidade de mobilização
para o protesto do dia 20 de agosto, Guilherme Boulos, liderança do MTST
(Movimento dos Trabalhadores sem Teto) afirmou que o ato não pode ser
visto visto como um "viva Dilma".
"Não podemos ter uma visão simplista que dia 16 foi fora Dilma e de que dia 20 é viva Dilma porque não é", disse Boulos.
O líder do MTST destacou que o ato é contra "o golpismo que defende a
derrubada da presidente Dilma Rousseff para substituí-la por
alternativas à direita", mas que não está em defesa de um governo que é
"indefensável do ponto de vista da política econômica e do ajuste fiscal
que vem conduzindo".
Boulos falou na tarde de segunda-feira (17.ago.2015) durante a coletiva
de imprensa convocada pelos movimentos sociais que estão à frente do ato
do dia 20. Na mesa estavam representantes de outros grupos que estão na
organização do evento, como os presidente da CUT-SP, Adi dos Santos
Lima, da UJS (União da Juventude Socialista), Renan Alencar, e da UNE,
Carina Vitral, além de Edson Carneiro Índio, secretario geral da
Intersindical.
O grupo assinou um manifesto intitulado "Contra a Direita e o Ajuste
Fiscal", que orientará as reivindicações do dia 20. Entre os pontos
abordados estão críticas ao presidente da câmara dos deputados Eduardo
Cunha e ao ajuste fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy.
Segundo os organizadores, a previsão é reunir 60 mil pessoas no dia 20.
Estão programadas manifestações em mais de 15 capitais além de São
Paulo. Na capital paulista, o protesto sairá do Largo da Batata e
terminará no Masp, na av. Paulista.
Guilherme Boulos líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) |
APOIO AO PT
Questionados sobre a participação do PT, que já anunciou adesão ao ato e
vem destacando o evento como ponto de contraposição às manifestações
pelo impeachment de Dilma realizadas no domingo (16.ago.2015), o
presidente da CUT destacou que "todos que quiserem defender essas
bandeiras (do manifesto) serão bem-vindos".
Segundo ele, PT, PC do B, PSOL e PDT informaram os organizadores que querem participar.
PLANALTO
Para evitar dar munição à oposição, assessores de Dilma defendem que o
Planalto se distancie dos atos. Ministros disseram temer que partidos
adversários aproveitem para vincular o governo às manifestações caso
algo ''fuja do controle''.
O sinal amarelo acendeu dentro do governo após a repercussão negativa de
fala do presidente da CUT, Vagner Freitas, na semana passada de que, se
for preciso, os movimentos sociais irão às ruas "com arma na mão" para
preservar o mandato da petista.
O governo espera novas reações contrárias ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no ato de quinta-feira (20.ago.2015).
Na reunião da coordenação política do governo, Dilma disse ver com
naturalidade as críticas, mas afirmou que os movimentos sociais não
entendem a complexidade da crise econômica mundial e do Brasil, e que o
trabalho do ministro é importante para o Brasil.
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