terça-feira, 5 de abril de 2016


PP, PR e PSD só devem assumir ministérios e cargos se Dilma sobreviver à votação do impeachment em plenário



Os três partidos que negociam espaços no governo — PP, PR e PSD — decidiram em conjunto deixar o anúncio da nova configuração de ministérios para depois da votação do impeachment em plenário. A avaliação é que, se Dilma Rousseff sobreviver ao processo, precisará do “centrão” para governar e, portanto, cumprirá o acordo. Mas, na hipótese da petista tombar pelo caminho, ao menos se livram da foto da posse e elevam o passe para negociar com o governo do dia seguinte.
A declaração de apoio à petista, porém, teria de ocorrer antes da votação. O PP, que deve combinar com as demais legendas parceiras a data do anúncio, já fala em se posicionar somente em 11 de abril — a menos de uma semana do dia D.

A doze dias da data prevista para a votação do impeachment no plenário (17.abr.2016), a fotografia captura a seguinte imagem: alto percentual de indecisos e crescente desgaste de Michel Temer — agravado com a proposta de eleições gerais.
Um líder partidário entusiasta do impeachment dizia na segunda-feira (04.abr.2016) em tom de lamento: “Os ventos parecem mesmo que estão mudando”.
A oposição pondera: uma coisa é o líder vender, outra é o deputado entregar.

Petistas próximos a Lula insistem que, se Dilma passar pelo impeachment, será preciso embicar o governo à esquerda.
O PT aumentou, nos bastidores, o volume de suas críticas ao Ministério da Fazenda. “Eles não sabem empacotar as medidas. Anunciam tudo de forma picada. O Nelson Barbosa até nos recebe, mas não nos ouve”, reclama um dirigente.


'New York Times' destaca na capa a crise política brasileira


MINISTÉRIOS E CARGOS — O governo Dilma propôs a PP, PR e PSD pelo menos mais um posto para cada na Esplanada dos Ministérios, mesmo depois de receber a informação de que nenhuma dessas siglas terá condições de entregar o apoio unânime de suas bancadas contra a aprovação do impeachment.
PP e PR estimam que, no máximo, 60% de seus deputados votarão com o Planalto. O índice do PSD é ainda menor. Nesta terça-feira (05.abr.2016), o PR vai reunir sua bancada para discutir a oferta do governo. Um quadro da sigla diz que a definição se dará entre três pastas: Aviação Civil, Agricultura e Ciência e Tecnologia.
O PP deve fazer o mesmo até quarta-feira (06.abr.2016). A sigla, que tem a maior bancada, com 49 deputados, está com o apetite maior. Entre os pleitos estão os ministérios da Educação, Saúde ou Minas e Energia.
Já o PSD deve definir seu espaço apenas depois da votação do pedido de impeachment da petista. O ministro Gilberto Kassab (Cidades) disse à presidente que ela deve contar com no máximo 15 votos dentro do partido. Ele tem 33 parlamentares na Câmara.
O PRB, que vinha participando das sondagens, decidiu se afastar e não compareceu aos encontros patrocinados pelos dirigentes do PP, PR e PSD na segunda (04.abr.2016). A possibilidade de a sigla abocanhar um ministério, entretanto, não está descartada.
A expectativa é que o novo desenho da Esplanada seja decidido até quinta-feira (07.abr.2016). Mas há uma proposta de que as nomeações sejam feitas só depois da votação do impeachment, a fim de tentar reduzir as críticas de que os partidos se entregaram ao balcão de negócios para barrar o afastamento de Dilma.
O risco de a presidente Dilma não cumprir os acordos, como já fez em outras oportunidades, é visto como quase inexistente desta vez porque a petista vai precisar destes partidos para evitar novos pedidos de impedimento.
Além de ministérios, PP e PR devem ganhar também o comando e diretorias de bancos públicos e estatais.
Nas negociações, o governo está colocando na mesa postos no Banco do Brasil, Caixa e BNB (Banco do Nordeste do Brasil). O PR deve ganhar um vice-presidência do Banco do Brasil. O PP pode ficar até com a presidência da Caixa.




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