PP, PR e PSD só devem assumir ministérios e cargos se Dilma sobreviver à votação do impeachment em plenário
Os três partidos que negociam espaços no governo — PP, PR e PSD —
decidiram em conjunto deixar o anúncio da nova configuração de
ministérios para depois da votação do impeachment em plenário. A
avaliação é que, se Dilma Rousseff sobreviver ao processo, precisará do
“centrão” para governar e, portanto, cumprirá o acordo. Mas, na hipótese
da petista tombar pelo caminho, ao menos se livram da foto da posse e
elevam o passe para negociar com o governo do dia seguinte.
A declaração de apoio à petista, porém, teria de ocorrer antes da
votação. O PP, que deve combinar com as demais legendas parceiras a data
do anúncio, já fala em se posicionar somente em 11 de abril — a menos
de uma semana do dia D.
A doze dias da data prevista para a votação do impeachment no plenário
(17.abr.2016), a fotografia captura a seguinte imagem: alto percentual
de indecisos e crescente desgaste de Michel Temer — agravado com a
proposta de eleições gerais.
Um líder partidário entusiasta do impeachment dizia na segunda-feira
(04.abr.2016) em tom de lamento: “Os ventos parecem mesmo que estão
mudando”.
A oposição pondera: uma coisa é o líder vender, outra é o deputado entregar.
Petistas próximos a Lula insistem que, se Dilma passar pelo impeachment, será preciso embicar o governo à esquerda.
O PT aumentou, nos bastidores, o volume de suas críticas ao Ministério
da Fazenda. “Eles não sabem empacotar as medidas. Anunciam tudo de forma
picada. O Nelson Barbosa até nos recebe, mas não nos ouve”, reclama um
dirigente.
'New York Times' destaca na capa a crise política brasileira |
MINISTÉRIOS E CARGOS — O governo Dilma propôs a PP, PR e PSD pelo
menos mais um posto para cada na Esplanada dos Ministérios, mesmo
depois de receber a informação de que nenhuma dessas siglas terá
condições de entregar o apoio unânime de suas bancadas contra a
aprovação do impeachment.
PP e PR estimam que, no máximo, 60% de seus deputados votarão com o
Planalto. O índice do PSD é ainda menor. Nesta terça-feira
(05.abr.2016), o PR vai reunir sua bancada para discutir a oferta do
governo. Um quadro da sigla diz que a definição se dará entre três
pastas: Aviação Civil, Agricultura e Ciência e Tecnologia.
O PP deve fazer o mesmo até quarta-feira (06.abr.2016). A sigla, que tem
a maior bancada, com 49 deputados, está com o apetite maior. Entre os
pleitos estão os ministérios da Educação, Saúde ou Minas e Energia.
Já o PSD deve definir seu espaço apenas depois da votação do pedido de
impeachment da petista. O ministro Gilberto Kassab (Cidades) disse à
presidente que ela deve contar com no máximo 15 votos dentro do partido.
Ele tem 33 parlamentares na Câmara.
O PRB, que vinha participando das sondagens, decidiu se afastar e não
compareceu aos encontros patrocinados pelos dirigentes do PP, PR e PSD
na segunda (04.abr.2016). A possibilidade de a sigla abocanhar um
ministério, entretanto, não está descartada.
A expectativa é que o novo desenho da Esplanada seja decidido até
quinta-feira (07.abr.2016). Mas há uma proposta de que as nomeações
sejam feitas só depois da votação do impeachment, a fim de tentar
reduzir as críticas de que os partidos se entregaram ao balcão de
negócios para barrar o afastamento de Dilma.
O risco de a presidente Dilma não cumprir os acordos, como já fez em
outras oportunidades, é visto como quase inexistente desta vez porque a
petista vai precisar destes partidos para evitar novos pedidos de
impedimento.
Além de ministérios, PP e PR devem ganhar também o comando e diretorias de bancos públicos e estatais.
Nas negociações, o governo está colocando na mesa postos no Banco do
Brasil, Caixa e BNB (Banco do Nordeste do Brasil). O PR deve ganhar um
vice-presidência do Banco do Brasil. O PP pode ficar até com a
presidência da Caixa.
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