Receita diz que multas por fraude e sonegação do IR devem ir a R$ 6 bilhões — os sistemas da Receita Federal estão mais especializados e têm facilidade para cruzar dados
Em ano de arrecadação em baixa, a Receita Federal espera que as multas a
pessoas físicas por fraudes e sonegação de Imposto de Renda reforcem o
caixa do governo em R$ 6 bilhões em 2016, acima dos R$ 4,8 bilhões
autuados em 2015.
A uma semana do prazo final para a entrega da declaração de 2016, o
Fisco fez na sexta-feira, 22.abr.2016, um balanço das operações em curso
neste ano e mandou um recado: os sistemas da Receita estão cada vez
mais especializados e conseguem cruzar informações com facilidade, o que
reduz a margem para sonegações.
Desvios nas informações de dados como pagamentos de pensões
alimentícias, despesas médicas, previdência complementar e contribuições
patronais estão na mira do órgão.
Em 2016, a receita pretende abrir fiscalizações contra 285,3 mil pessoas
físicas, relativas a indícios de irregularidades de declarações dos
anos de 2013, 2014 e 2015. Desse total, já foram descobertas fraudes nas
declarações de 44.411 contribuintes, que somam R$ 315 milhões em
impostos a serem pagos.
Em meio à crise política e aos protestos contra a corrupção, o
subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Iágaro Martins,
criticou quem tenta pagar menos imposto de forma irregular.
“Muitas pessoas vão a manifestações contra a corrupção, mas quando têm
oportunidade de sonegar centenas de reais vão lá e fazem a mesma coisa.
Sonegação e corrupção são dois lados da mesma moeda, um é o dinheiro que
não entrou no caixa e o outro dinheiro público desviado”, ressalta.
Lava Jato — As multas por sonegação de IR a pessoas físicas envolvidas
em esquemas descobertos pela Lava Jato já alcançam R$ 39,2 milhões até
agora. Segundo Martins, a expectativa é que as autuações dos
investigados na operação ultrapassem R$ 100 milhões neste ano.
A partir da Lava Jato, a Receita abriu fiscalizações contra 24 pessoas
físicas, incluindo diretores de empreiteiras, da Petrobrás e políticos.
Apenas três fiscalizações já foram encerradas.
O valor da multa se refere a tributos que as pessoas deixaram de pagar
em recebimentos não declarados no exterior, por exemplo, ou mesmo do
recebimento de propinas. “Embora seja propina, é um rendimento que tem
de ser tributado”, disse. De acordo com Martins, as fiscalizações correm
mais rápido em relação aos que não têm foro privilegiado. “O número
ainda é baixo em relação à expectativa de lançamento, sobretudo em
relação às pessoas politicamente expostas”.
Falsa patroa — As fraudes detectadas pela Receita em declarações de
pessoas físicas foram descobertas em operações do órgão, como a “Falsa
Patroa”, que descobriu contribuintes que informaram falsamente
pagamentos a empregadas domésticas para reduzir o tributo devido. Foram
9.319 contribuintes nessa situação, que terão de pagar R$ 12 milhões em
impostos. “Houve caso em que uma mesma empregada doméstica aparece
trabalhando para 502 contribuintes diferentes”, afirmou o subsecretário.
Segundo Martins, em muitos casos contadores informaram o CPF de uma
mesma empregada na declaração de vários clientes. Esses contadores
também responderão criminalmente por fraude.
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