segunda-feira, 11 de abril de 2016


Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula já fala em eleições gerais — ex-presidente mencionou o assunto em reuniões com aliados e pode dar aval ao projeto no PT



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva


O governo está menos reticente do que parece à proposta de novas eleições presidenciais. O tema ainda é proibido, pois o foco é vencer o impeachment, mas já circulou por ministérios petistas. Para os defensores da ideia, só seria possível discutir a hipótese de renúncia mediante duas condições: o vice Michel Temer também abrir mão do cargo e a realização de uma profunda agenda de reformas para recolocar o país nos trilhos. Tudo isso, claro, se Dilma vencer a votação de domingo (17.abr.2016).
O assunto foi discutido de forma discreta tanto no Planalto quanto no Royal Tulip — onde Lula está hospedado — antes mesmo de o Datafolha mostrar o ex-presidente em condição eleitoral competitiva.
A ideia de uma eleição “solteira” para presidente e vice parte da avaliação de que seria impossível viabilizar eleições gerais, pois exigiria a renúncia coletiva dos 513 deputados, 81 senadores e de todos os seus suplentes.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em reuniões com integrantes do PT e líderes partidários, que, caso não tenha autonomia para tocar o governo após uma eventual vitória de Dilma Rousseff no impeachment, deixará que avancem no partido e entre os aliados as discussões pela realização de eleições gerais.
A ideia de Lula tem respaldo de lideranças do PMDB como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que mantém distância do vice-presidente Michel Temer, sucessor de Dilma no caso de o impeachment passar no Congresso. Na semana passada, Renan defendeu a realização de eleições gerais. A senadores, o peemedebista disse não descartar a criação de uma comissão especial para reunir todas as propostas em debate.
As conversas entre Lula e Renan se intensificaram desde que o ex-presidente voltou a atuar diretamente nas negociações com o Congresso.
Segundo lideranças do governo, não foi por acaso que o peemedebista afirmou na última semana que “vê com bons olhos” a realização da eleição geral, mesmo não havendo nenhuma proposta concreta sobre o tema. “Acho que, se a política não arbitrar saídas para o Brasil, não podemos fechar nenhuma porta”, disse Renan na terça-feira (05.abr.2016).
A estratégia de uma nova eleição geral antes de 2018 é tratada de forma sigilosa para não melindrar integrantes da base aliada que ainda estão indecisos em relação à votação do impeachment.
O debate no plenário sobre o afastamento de Dilma deve ter início no próximo dia 15.abr.2016. A ideia surge, entretanto, em meio aos levantamentos de intenção de votos que apontam o petista na frente de uma possível disputa pelo Palácio do Planalto.
A mais recente pesquisa do instituto Datafolha mostra Lula na liderança das intenções de voto para presidente com 21% no cenário em que disputa com os candidatos mais prováveis. Ele é seguido de perto por Marina Silva (Rede), que conta hoje com 19%, e pelo senador Aécio Neves (PSDB), com 17%. Jair Bolsonaro (PSC) tem 8% e Ciro Gomes (PDT), 7%.
O posicionamento do petista a favor da antecipação das eleições gerais se deve, em parte, ao receio de que, se Dilma conseguir se salvar no Congresso, ela volte a atuar sem ouvir os conselhos de seu “tutor”, principalmente em áreas como a economia, considerada crucial para a “refundação” do governo.
Nas conversas em Brasília, a avaliação de Lula tem sido a de que a crise econômica é o principal indutor dos problemas enfrentados no Congresso. O foco de possíveis mudanças na economia pós-impeachment deverá ser a classe média e a classe média baixa. Para isso, Lula quer retomar a ideia de “dinamizar a economia” com a facilitação da liberação de crédito.
As mudanças defendidas pelo ex-presidente têm encontrado, contudo, resistências do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Para ele, o uso das reservas internacionais, por exemplo, pode ser um sinal ruim aos investidores estrangeiros.
Apesar de possíveis resistências dentro do Palácio do Planalto, o sentimento é de que, se não houver uma guinada conduzida pelo ex-presidente, ele e o PT vão “sangrar” até a próxima eleição de 2018, podendo não ter forças para manter o projeto de poder em curso desde 2001.


P.S.: O ex-presidente Lula está enrolado com triplex, sítio, empreiteiras, Bumlai, filho na Zelotes, grampo da PF e parecer da PGR contra a sua nomeação, digamos, esquisita para a Casa Civil. Mas Lula lidera as pesquisas para presidente, Aécio despenca e a opinião pública resiste a Temer.
Duas hipóteses:
  1. o PT reclama de barriga cheia, porque seu marketing sempre cola, como essa história de “golpe”, a mítica da “esquerda”, o “nós, pobres, contra eles, ricos”. Quem quer se sentir a favor de golpe, de direita e contra os pobres?! Então, o PT instiga a emoção, não a razão. Vale a versão, não o fato.
  2. a reação da opinião pública é menos a favor de Lula (que mantém uma rejeição imobilizadora) e mais contra as opções que se colocam, com Aécio resvalando em delações premiadas e Temer com más companhias.





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