Para FMI Brasil só deve registrar superávit primário em 2020 — o Fundo destaca que o impasse político pode complicar a implementação ou desencorajar medidas de melhora das contas públicas em 2016
A presidente do FMI, Christine Lagarde, durante reunião de primavera da instituição em Washington |
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê a piora de indicadores
fiscais do Brasil e só vê o país voltando a ter superávit primário em
2020, de acordo com o relatório Monitor Fiscal, divulgado na
quarta-feira (13.abr.2016) na reunião de primavera da instituição em
Washington. O documento destaca que o impasse político pode complicar a
implementação ou desencorajar medidas de melhora das contas públicas em
2016 em países como o Brasil, África do Sul e Venezuela.
O FMI projeta déficit primário de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB)
este ano e de 1,4% em 2017. O País só deve voltar a ter superávit em
2020, com estimativa dos economistas do Fundo de alcançar 0,9% do PIB.
Comparado a outros exportadores de commodities, o Brasil registrou pior
deterioração do déficit nominal, que saltou para 10,3% do PIB em 2015,
destaca o FMI. A piora do déficit foi puxada por fraca arrecadação, por
conta da recessão da economia e do aumento dos juros, tudo isso em um
contexto de "profunda turbulência política e econômica", além dos
pagamentos das pedaladas fiscais em dezembro.
O FMI projeta redução do déficit nominal brasileiro, mas o indicador vai
seguir acima da média mundial. Em 2016, este índice deve ficar em 8,7%
do PIB e no ano que vem em 8,5%. A média da América Latina é de déficit
de 6,5% e 5,9% este ano e no próximo. Na economia mundial, a média é de
3,6% e 3,1% e na zona do euro, de 1,9% e 1,5%, respectivamente em 2016 e
2017.
Como reflexo da piora das contas públicas, a dívida bruta brasileira, um
dos principais indicadores de solvência de países, saltou para 73,7% do
PIB, ressalta o relatório. A projeção do FMI, que considera no cálculo
os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central (que não são
considerados na contabilidade do governo brasileiro), é que o indicador
suba para 76,3% em 2016 e 80,5% do PIB em 2017. Em 2021, a relação
dívida/PIB vai superar os 90%, chegando a 91,7%. A média da economia
mundial este ano deve ser de 47,5%.
Recomendações — Para reverter a tendência de deterioração dos
números, o FMI recomenda uma estratégia de consolidação fiscal que
resolva questões estruturais, como a rigidez de gastos públicos. "Apesar
os esforços de consolidação fiscal gerarem ventos contrários no curto
prazo, eles são necessários para estimular uma reviravolta na confiança e
o retorno do país ao crescimento"
A piora de indicadores fiscais e a deterioração da economia foram
fatores que ajudaram países como Brasil, África do Sul, Rússia e Arábia
Saudita a terem os ratings soberanos recentemente rebaixados, ressalta o
FMI.
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