Governo teme que derrota nesta segunda amplie isolamento político de Dilma — planalto avalia que eventual revés por larga margem pode
aumentar percepção de fraqueza da presidente e contaminar plenário
Às vésperas da votação do parecer pela admissibilidade do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial, Brasília
teve um fim de semana de reuniões estratégicas. A base governista se
concentrou em buscar votos para evitar uma derrota expressiva na
segunda-feira (11.abr.2016) na comissão. Se isso ocorrer, avaliam
governistas, poderá ampliar a percepção de fraqueza e de isolamento
político da presidente Dilma.
Na outra ponta, a oposição avalia que uma boa vitória na comissão,
aliada aos eventos da semana passada decorrentes da Operação Lava Jato,
lhe dará fôlego nesta semana decisiva.
De acordo com o Placar do Impeachment ao menos 35 dos 65 deputados da
comissão, que se reúne a partir das 10h de segunda-feira (11.abr.2016),
se declaram favoráveis ao impeachment. É necessária maioria simples.
Por isso, a expectativa da oposição e do governo é de que o impeachment
comece a ser votado em plenário na sexta-feira (15.abr.2016). A votação
deverá terminar no domingo (17.abr.2016). São necessários 342 votos dos
513 deputados para o impeachment ser aprovado.
A oposição acredita que o momento é favorável para o impedimento e que o
placar na comissão vai variar entre 35 e 39 votos pelo afastamento de
um total de 65 membros. Já os aliados da presidente afirmam que, se
houver derrota na comissão, será por uma margem de no máximo dois votos.
O Planalto busca no mínimo 30 votos favoráveis. “Será um placar
apertado”, previu o vice-líder do governo, deputado Paulo Teixeira
(PT-SP). “Isso é um jogo de dois tempos. Vai ser por um placar apertado,
mas vamos perder ganhando”, disse o vice-líder do governo, Silvio Costa
(PT do B-PE).
O governo já começou a semana com algumas pequenas vitórias que,
avaliam, ajudará a obter essa margem apertada de votos. O presidente da
comissão especial, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), decidiu que não
haverá chamada nominal, o que faz com que os votantes se manifestem
apenas por meio do painel eletrônico.
A oposição avaliava que a votação nominal pressionaria, sob os holofotes
da oposição, os deputados a votar contra o governo. Após uma rápida
conversa com o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo,
que ligou para confirmar presença na sessão desta segunda-feira, Rosso —
que tendia a acatar o pedido da oposição para chamada um a um —
consultou o regimento e concluiu que a solicitação da oposição só
poderia ser acatada se o painel estivesse indisponível.
Além disso, foi antecipada a estratégia do governo para o plenário sobre
os ausentes. Se a oposição trabalha apenas para convencer os deputados a
votar “sim” ao impeachment, os aliados do Planalto orientam os colegas a
não comparecer à sessão, se abster ou votar não. Na comissão, o
deputado Washington Reis (PMDB-RJ) — que integra o grupo dos oito que se
declaram indecisos — faltará porque está internado com a gripe H1N1.
Reis disse que em seu lugar votará Marx Beltrão (PMDB-AL), aliado do
governo. A ausência de Reis foi um dos temas da reunião da oposição, que
tentará garantir o voto de um suplente pró-impeachment. “A gente vai
ter de correr para ver o suplente”, comentou o deputado Lúcio Vieira
Lima (PMDB-BA). Rosso já decidiu que só votará o suplente do bloco que
registrar presença primeiro.
Outro integrante da comissão, Valtenir Pereira (PMDB-MT) se declarava
até a véspera da votação como “indefinido” por ter dúvidas sobre o
conteúdo do relatório. “Há uma forçação de barra no relatório e no
pedido de impeachment”, argumenta. Ele disse que não faltará na sessão e
que, se não decidir até a hora da votação, optará por se abster e tomar
uma posição só em plenário.
Entre os oposicionistas, o cenário político da semana é visto com
otimismo. “Estamos em ascensão”, comemorou o líder do PSDB, Antonio
Imbassahy (BA). A divulgação de trechos da delação premiada do
ex-executivo da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo foi um dos fatores que
teriam ajudado a convencer parlamentares indecisos a defender o
afastamento.
O parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendando a
anulação da nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil também
contribuiu. “Estamos muito animados”, disse o deputado Mendonça Filho
(DEM-PE).
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