Caixa pode voltar a elevar juro do crédito imobiliário
A Caixa Econômica Federal pode voltar a elevar o juro do financiamento
imobiliário nesse ano, se necessário, disse na terça-feira (12.abr.2016)
o diretor de habitação do banco, Teotônio Rezende. Segundo o executivo,
embora não haja previsão de aumento neste momento, a elevação pode
acontecer diante da maior pressão sobre as margens do banco, provocada
pelo uso de recursos mais caros para conceder empréstimos.
"Se necessário, teremos que fazer", disse Rezende a jornalistas durante evento do setor imobiliário.
A declaração reflete, em parte, os sucessivos resgates no SBPE (Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo), principal fonte de financiamento
para compra de imóveis no país, dado a perda de atratividade do
investimento, que paga 6% ao ano mais TR, enquanto a Selic (taxa básica
de juros) está em 14,25% anuais.
Após resgates líquidos recordes de R$ 53,6 bilhões em 2015, a caderneta
de poupança já teve saída de R$ 24 bilhões só no primeiro trimestre
desse ano.
Com isso, a Caixa, maior concessora de crédito para habitação do país,
tem sido obrigada a lastrear parte dos empréstimos feitos para o setor
em papéis de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que
têm custo maior.
Atualmente, cerca de um terço dos empréstimos do banco feitos por meio
do SBPE são lastreados em LCI. A meta da Caixa é reduzir esse percentual
para cerca de 15%, disse Rezende.
Para evitar uma pressão maior sobre suas margens, a Caixa subiu o juro
dos empréstimos para os tomadores quatro vezes desde o começo do ano
passado, a última em março. Com isso, o juro médio das concessões no
banco subiu de cerca de 8% para 10% anuais. O teto regulatório é de 12%.
Em outra frente, a Caixa também está sendo mais rigorosa em novas
concessões, seja exigindo valor de entrada maior ou mais garantias dos
tomadores.
Com isso, o banco prevê desembolsar cerca de R$ 87 bilhões em novos
empréstimos para o setor em 2016, ante R$ 90 bilhões no ano passado. No
pico, em 2013, o banco estatal chegou a emprestar cerca de R$ 135
bilhões.
"Aquele volume de concessões que tínhamos nos últimos anos não volta mais", disse Rezende durante apresentação no evento.
De acordo com ele, o estoque de crédito imobiliário do banco deve
crescer ao redor de 12% em 2016, em ritmo parecido com o do ano passado.
Ele previu que uma aceleração do mercado vai demorar.
"Enquanto a Selic não voltar a um dígito, o ritmo do mercado não volta a acelerar", concluiu.
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