Europeus vetam acordo com Mercosul — em carta, França e outros 12 governos dizem que uma oferta de liberalização ao Brasil seria ‘uma provocação’ ao setor produtivo europeu
Acordo permitiria o Brasil aumentar as exportações de açúcar, carnes e produtos agrícolas |
Países europeus se lançam em uma ofensiva para bloquear qualquer tipo de
acordo comercial da União Europeia (UE) com o Mercosul que permita ao
Brasil e ao restante da região incrementar de forma substancial suas
exportações de açúcar, carnes e produtos agrícolas.
Uma carta revela que 13 dos 28 governos do bloco europeu indicaram que
qualquer movimento nesse sentido seria considerado como “uma provocação”
ao setor produtivo europeu. Na prática, o acordo comercial com a UE
apenas traria ganhos econômicos ao Brasil se incluir uma abertura do
mercado para os produtos mais competitivos, justamente aqueles
considerados como “sensíveis” aos europeus. Em 2015, dos US$ 33 bilhões
exportados pelas empresas brasileiras para a Europa, US$ 21 bilhões eram
produtos básicos e semimanufaturados.
Na semana passada, as diplomacias dos dois lados do Atlântico indicaram
que vão trocar ofertas de como seria a liberalização em maio. O processo
está emperrado desde 2004 quando Mercosul e UE não conseguiram chegar a
um acordo sobre como lidar com os produtos sensíveis.
Estudo — Para 2016, a meta é relançar o processo e a Comissão
Europeia indicou que a proposta que pretende trocar com o Mercosul ainda
não foi finalizada.
Mas, numa carta de 7 de abril ao Conselho da Europa e a todos os 28
membros da UE, um grupo de 13 países liderados pela França saiu ao
ataque contra qualquer tentativa de ceder aos produtos agrícolas do
Mercosul. “Somos contrários à presença de propostas sobre cotas em
produtos sensíveis na oferta europeia que será passada ao Mercosul nos
próximos meses”, alertou o grupo, composto ainda pela Áustria, Grécia,
Polônia, Irlanda, Hungria, Chipre, Estônia, Letônia Lituânia, Romênia,
Eslovênia e Luxemburgo. O tema foi tratado no dia 11 de abril num
encontro de ministros de Agricultura.
Os governos europeus apontaram, na carta, que os agricultores da região
estão enfrentando “uma crise particularmente difícil” e que as medidas
tomadas pela UE para ajudar o setor “fracassaram”. “Uma oferta ao
Mercosul contendo cotas em produtos sensíveis seria provavelmente visto
como uma provocação pelo setor agrícola europeu”, indicou o grupo.
Os países também alertam que, se isso ocorrer, o que pode ser
prejudicado seria justamente a negociação para a criação de uma área de
livre comércio ente Europa e Estados Unidos, uma das prioridades de
Bruxelas. Para esses governos, se houver uma abertura ao Mercosul, ela
terá de ser compensada por uma oferta menor aos Estados Unidos.
“Os países do Mercosul são os líderes no mercado agrícola mundial e seus
setores são altamente competitivos”, indicaram os governos na carta.
Para eles, a negociação não pode mais se basear nas propostas que
existiam em 2004.
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