Ajuste da economia será duro
Futuro — Especialistas de todos os lados do espectro econômico
afirmam que, com ou sem impeachment, retomada do crescimento só se dará
pelo caminho das reformas que precisam de aprovação do Congresso;
desafio será costurar esse apoio no Parlamento.
A polarização que se acirrou na arena política, nos últimos dias, não se
reproduz na seara econômica. Apesar de os especialistas visualizarem
cenários completamente distintos a partir do impeachment, há
praticamente um consenso: o estrago na economia é extenso e profundo e
não há ajuste fácil para nenhum dos dois lados que se dividem no
impeachment, previsto para ser votado na Câmara no domingo
(17.abr.2016).
O economista Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), define a situação. Quer seja com a
permanência da presidente Dilma Rousseff no comando do País ou com uma
eventual chegada do hoje vice Michel Temer, a retomada do crescimento só
será viável pelo duro caminho de reformas que precisam de aprovação do
Congresso. “E é o Congresso que está aí, né? É preciso ver quem tem uma
capacidade maior de articulação para fazer essas reformas”, diz.
O Congresso assumiu um papel de responsabilidade na economia brasileira
pela vasta lista de desequilíbrios macroeconômicos que precisam de
reformas e apoio dos parlamentares para serem corrigidos. No topo da
preocupação está a questão fiscal. Este ano, o relatório Prisma,
pesquisa realizada pelo Ministério da Fazenda com bancos, corretoras e
consultorias, projeta um rombo fiscal do governo central de R$ 100,4
bilhões.
Com Dilma ou Temer na Presidência da República, será preciso muita
negociação com os parlamentares para desenrolar o nó político do País e,
consequentemente, destravar a economia. “Em relação ao Congresso, eu
sou muito cético”, diz Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto
Brasileiro de Economia da FGV. “É preciso esperar para ver.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário