Colômbia diz que guerra às drogas fracassou e pede nova estratégia — dependência é uma questão de saúde pública que não deve ser tratada no
âmbito criminal
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, participa de debate sobre a
questão das drogas na Assembleia Geral da ONU, em Nova York |
Líder do país que é o maior produtor de cocaína do mundo, o presidente
da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse na quinta-feira (21.abr.2016) na
ONU que a guerra às drogas fracassou e é necessário um novo “consenso
global” para enfrentar o problema. Santos afirmou que o consumo de
drogas é uma questão de saúde pública, que não deve ser tratada no
âmbito criminal.
“As prisões são para delinquentes, não para dependentes, que — diga-se
de passagem — se tornam delinquentes nas prisões”, declarou em discurso
na Sessão Especial sobre Drogas da Assembleia-Geral da ONU, encerrada em
Nova York.
Mas Santos ressaltou que não é favorável à legalização de substâncias
ilícitas e o combate ao tráfico continua a ser prioridade de seu
governo. “Na Colômbia, a luta contra as drogas não é apenas um
imperativo: é assunto de segurança nacional.”
O presidente observou que a filosofia repressiva da guerra às drogas
atingiu de maneira desproporcional os elementos mais fracos do
narcotráfico — os pequenos produtores, as “mulas” e os consumidores.
Além disso, as políticas de liberalização adotadas em outros países
criaram conflitos na aplicação de medidas punitivas.
“Como explico a um humilde camponês colombiano que ele irá à prisão por
cultivar maconha quando qualquer pessoa nos Estados do Colorado e de
Washington, nos Estados Unidos, pode produzi-la, vendê-la e consumi-la
livremente?”, perguntou.
A declaração sobre drogas aprovada durante a sessão foi considerada
insuficiente por Santos, que defendeu novas mudanças na estratégia
global de combate às drogas em reunião marcada para 2019.
Em sua opinião, é necessário estabelecer que as convenções da ONU que
protegem os direitos humanos não podem ficar em posição subalterna em
relação aos acordos que tratam da questão das drogas.
Santos pediu uma moratória na aplicação da pena de morte a crimes
relacionados ao tráfico de substâncias ilegais. O assunto foi um dos
mais polêmicos da sessão da ONU e revelou as divergências entre os
países ocidentais — contrários à pena capital — e os orientais, que
defendem sua aplicação.
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