Governo superestimou previsão de receita em
R$ 162 bilhões, diz TCU
R$ 162 bilhões, diz TCU
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o ex-ministro Joaquim Levy na posse de Nelson Barbosa (à esq.) como ministro da Fazenda |
A previsão de receitas do Orçamento do governo federal para 2016
pode estar superdimensionada em R$ 162,3 bilhões.
É o que aponta relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) que
analisou os primeiros meses de arrecadação do governo como parte do
processo prévio de análise das contas públicas.
A não aprovação das contas de 2014 pelo TCU desencadeou o pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff que será votado pelo
plenário do Congresso no próximo domingo (17.abr.2016). O motivo
apontado para o impedimento da presidente, no entanto, são problemas
semelhantes mas de menor monta ocorridos em 2015, mas que ainda não
foram julgados pelo TCU.
A arrecadação primária do governo foi estimada em R$ 1,451 trilhão.
O relatório aponta várias receitas previstas de difícil execução,
como a previsão de R$ 12 bilhões com a CPMF, R$ 11 bilhões de
impostos da regularização de recursos de brasileiros no exterior e
R$ 8 bilhões da venda de ações de estatais.
Além disso, há projeções oficiais de queda do PIB maiores do que as
estimadas na lei, o que pode reduzir ainda mais a receita.
Os técnicos chegaram ao déficit de receita calculando que o governo
conseguirá arrecadar em 2015 o correspondente ao mesmo percentual do
PIB que as receitas do ano passado (21,1%). Mas uma outra projeção
ainda pior, que leva em conta a média da arrecadação em relação ao
PIB dos últimos anos, pode jogar o déficit para quase R$ 200
bilhões.
De acordo com o relatório, a lei aprovada estava com estimativas
otimistas em excesso, já que previa que a arrecadação equivalesse a
23,7% do PIB, número só igual aos dos anos de 1997 e 2010, quando a
economia estava em franco crescimento. Para os técnicos, o governo é
recorrente nessa prática, o que vem piorando a qualidade das contas
públicas nacionais.
"Desde o exercício de 2012 as previsões da receita orçamentária
foram superestimadas de 4% a 8% frente à arrecadação efetiva,
invertendo a tendência, mais prudente, observada de 2004 a 2011,
quando as receitas previstas foram subestimadas de 3% a 7% em
relação à efetiva".
ROMBO — Os primeiros números da arrecadação já mostram que as
projeções estão longe de serem alcançadas. Somente em fevereiro, a
queda nas receitas foi de 11,5%, em relação a 2015.
Devido à queda, o governo já teve de promover um bloqueio de R$ 44,6
bilhões em gastos não obrigatórios, como custeio administrativo e
investimentos, previstos no orçamento.
Mesmo com o bloqueio, as contas públicas estão fora das metas
previstas na Lei Orçamentária. Somente nos dois primeiros meses do
ano, o rombo (déficit primário) alcançou R$ 23 bilhões.
O governo tinha uma meta de poupar R$ 30,5 bilhões em 2016, mas já
mandou ao Congresso pedido para ter, pelo terceiro ano seguido,
déficit nas contas, dessa vez na faixa dos R$ 100 bilhões.
CONTAS — O descolamento entre receitas e despesas nos últimos dois
anos levou o governo a ter várias operações consideradas irregulares
pela corte de contas, o que resultou no parecer pela não aprovação
das contas em 2014 (o Congresso ainda não deliberou se aceita ou não
o parecer do TCU).
As contas da gestão de 2015 ainda estão em análise, mas já com
denúncia do Ministério Público do TCU de que as irregularidades
detectadas em 2014 continuaram.
Caso não adote as providências necessárias para deixar os gastos
públicos dentro de metas fiscais que estão aprovadas pelo Congresso
na Lei Orçamentária Anual, o governo poderá vir a enfrentar novos
problemas para aprovar suas contas em 2017.
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