quinta-feira, 21 de abril de 2016


Imagem de ex-escrava substituirá a de presidente em notas de US$ 20 — Harriet Tubman será a primeira mulher negra retratada em uma nota de dólar



Harriet Tubman, abolicionista que ajudou a libertar escravos nos Estados Unidos,
em foto dos anos 1800


WASHINGTON — Uma imagem da ex-escrava Harriet Tubman substituirá a do presidente americano Andrew Jackson nas notas de US$ 20. Será a primeira vez que uma mulher negra estampará a moeda americana, informou na quarta-feira (20.abr.2016) um funcionário do Departamento de Tesouro. A decisão foi tomada após o Tesouro ser pressionado a colocar a imagem de uma mulher em uma nota diferente da de US$ 10, que exibe a imagem do ex-secretário do Tesouro Alexander Hamilton.
Com a decisão do secretário do Tesouro Jacob Lew, antecipada por um funcionário do governo que preferiu não ser identificado, Harriet será a primeira mulher em cem anos a estampar uma nota de dólar. No momento do anúncio oficial, o Departamento do Tesouro também deve dar detalhes sobre outras mudanças nas notas de US$ 20, US$ 10 e US$ 5.
Havia críticas quanto à retirada da imagem de Hamilton das notas de US$ 10. O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, por exemplo, se dissera chocado com essa possibilidade. Para ele, incluir uma mulher nas notas de dólar é uma boa ideia, mas não às custas de Hamilton.
A ex-escrava e abolicionista foi a escolhida em maio do ano passado por mais de 600 mil pessoas em votação organizada pelo grupo Women on 20s (W20) para ser a personalidade feminina a ilustrar a nota de US$ 20 no lugar do controverso sétimo presidente dos Estados Unidos. Tubman desbancou outras grandes mulheres, como a primeira-dama e ativista Eleanor Roosevelt, a ícone dos direitos civis Rosa Parks e a primeira chefe da nação Cherokee Wilma Mankiller.
Nascida escrava, Harriet (1822-1913) ganhou a liberdade ao fugir para o Norte do país e, depois, ajudou negros, sendo notoriamente conhecida por seu papel abolicionista. Além de ativista humanitária, Harriet desempenhou papel crucial como espiã para a União durante a Guerra Civil americana, tendo ainda lutado pelo direito ao voto feminino.
Sua escolha contrasta com Jackson, que era dono de fazenda e de escravos em Nashville. Ele também é criticado e considerado controverso por ter apoiado o ato de remoção dos índios, em 1830, que forçou a retirada de tribos nativas de parte dos Estados Unidos, causando a morte de milhares deles por doenças e fome durante migração forçada.
A campanha “Women on 20s” foi instigada pela falta de mulheres entre os rostos masculinos, em sua maioria brancos, que estampam as notas de dólar americano. Das 12 notas existentes — incluindo as de US$ 500, US$ 1.000. US$ 5.000, US$ 10.000 e US$ 100.000, que não estão mais em circulação ou são impressas — nove têm imagens de ex-presidentes e duas estampam os rostos de secretários do Tesouro. A de US$ 100 conta com Benjamin Franklin, considerado um dos fundadores dos Estados Unidos.



Simulação de como seria uma nota de US$ 20 com o rosto de Harriet Tubman estampado





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