segunda-feira, 25 de abril de 2016


O FIM DE SEMANA DE MICHEL TEMER



Segundo Paulo Skaf, Temer se manifesta contra aumento de impostos



O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, em entrevista após reunião
com Michel Temer no Palácio do Jaburu


Após um longo encontro, de cerca de seis horas, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) no Palácio do Jaburu, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse no domingo (24.abr.2016) que o peemedebista se mostrou contrário ao aumento de impostos, mas evitou firmar compromissos até que ocorra a votação do impeachment no Senado.
"Ele não é a favor de aumento de impostos e respeita muito esse processo, que ainda não está concluído. Ele se reserva sempre de que é preciso aguardar a conclusão do processo no Senado. Mas é natural que, considerando a aprovação na Câmara e o tempo que tem para a aprovação no Senado, ele ouça ideias, propostas e converse com as pessoas", disse.
Segundo Skaf, Temer "ouviu atentamente" às propostas da Fiesp, que incluem a realização de um ajuste fiscal sem que haja aumento de impostos — o que, para ele, esfriaria ainda mais a economia.
"Em hipótese nenhuma [apoiaríamos uma nova CPMF]. Acreditamos e sabemos que é possível fazer o ajuste fiscal, é possível acertar as contas do governo na mão das despesas, reduzindo desperdícios, de forma a equilibrar [a situação]", afirmou.
"Só tem uma forma de aumentar a arrecadação: com a retomada do crescimento do país. Essa sim aumenta naturalmente a arrecadação. Retomar o crescimento não é aumentar impostos", completou. Para o empresário, o atual governo desperdiça muitos recursos.
Segundo Skaf, há uma falta de confiança no atual governo e na atual presidente, Dilma Rousseff. "E essa falta de confiança faz com que os investimentos parem — e já pararam — e faz com que o consumo pare. Tem que se restabelecer a confiança no Brasil."
Ele criticou também propostas da presidente que incluem o aumento de impostos para ajudar a recuperar a economia do país, como a retomada de um tributo nos moldes da CPMF.
"O governo não deveria ter essa moral de pedir mais impostos à sociedade. Tem que acertar suas contas dentro do seu orçamento", afirmou.
Apesar do apelo, auxiliares de Temer já admitem, reservadamente, a criação de um novo imposto, como a CPMF também. A avaliação é que, se necessária, a ideia só poderia ser publicizada depois de o governo ter mostrado que reduziu seus gastos e cortou na própria carne.
Skaf é um dos principais apoiadores do processo de impeachment de Dilma. À frente da Fiesp, ele comanda a campanha "Não vou pagar o pato", contra o aumento de tributos — o símbolo da campanha, um pato amarelo com os olhos em formato de X, virou um dos ícones das manifestações contrárias ao governo Dilma.



Após reunião com Skaf, Temer se encontrou com Serra



Serra com Michel Temer


O senador José Serra (PSDB-SP) chegou, por volta das 21h de domingo (24.abr.2016), ao Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, para um encontro com Michel Temer (PMDB).
O tucano tem sido apontado como um possível ocupante de cargos no ministério de Temer, caso ele assuma a Presidência com o afastamento de Dilma Rousseff — a votação no Senado que pode tirá-la do cargo por até 180 dias está prevista para o mês que vem.
Serra está no grupo do PSDB que defende o apoio ao eventual governo Temer com o partido assumindo cargos. Outro grupo do partido, liderado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quer apoiar o governo sem assumir cargos.
O senador tucano deixou a residência de Temer pouco antes da meia-noite, sem dar declarações.

APOIO — No sábado (23.abr.2016), Serra publicou nas redes sociais mensagem dizendo que o partido "deve participar do governo", se for apoiá-lo "e for convidado".
"Seria bizarro o PSDB ajudar a fazer o impeachment de Dilma e depois, por questiúnculas e cálculos mesquinhos, lavar as mãos e fugir a suas responsabilidades com o país", escreveu em sua conta no Facebook.
Amigo pessoal de Temer, Serra já foi cotado para assumir pastas de peso em um eventual governo do vice — entre elas, Fazenda, Planejamento e Educação.
Alckmin, por sua vez, lidera uma ala no PSDB que deve exigir o licenciamento de tucanos que venham a integrar uma gestão Temer.
O presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), ainda não se manifestou sobre o assunto. O PSDB só deve definir a questão em reunião no próximo dia 03.maio.2016. Serra, Alckmin e Aécio ambicionam a candidatura do partido na eleição presidencial de 2018.



Ex-presidente do BC impõe condições a Temer para assumir a Fazenda



Henrique Meirelles dá entrevista após encontro com Michel Temer, no Palácio do Jaburu


O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi sondado por Michel Temer no sábado (23.abr.2016) sobre a possibilidade de comandar o Ministério da Fazenda caso o vice venha a assumir a Presidência da República.
Segundo a reportagem apurou, Meirelles respondeu que aceitaria assumir a pasta, desde que pudesse dar a palavra final sobre todos os nomes da área econômica de eventual novo governo. Fazem parte dessa lista o Ministério do Planejamento e as presidências do Banco Central, do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa.
Meirelles e Temer se encontraram no sábado (23.abr.2016) em Brasília. O peemedebista disse que não pode fazer convites formais antes da votação final sobre a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o que está previsto para maio. Eles ficaram de voltar a conversar depois da decisão.
Na conversa, o vice e Meirelles concordaram que deve haver um alinhamento da equipe econômica. A intenção de Meirelles seria blindar a área para que ninguém atuasse em desacordo com a linha que ele viesse a adotar nem "conspirasse" contra ele se a situação viesse a se complicar.
Temer precisa de um nome de peso na Fazenda para acalmar parte do empresariado, que começa a desconfiar da capacidade do peemedebista de montar uma equipe capaz de tirar o país da crise.
Esse temor aumentou depois de o ex-presidente do BC Armínio Fraga, um dos nomes preferidos do mercado, deixar claro, na semana passada, que não pretende faz parte de um eventual governo Temer.
Após o encontro de sábado, Meirelles afirmou, em entrevista, estar disposto a aconselhar o vice, caso ele assuma a Presidência, mas afirmou não ter sido convidado para assumir a Fazenda.
Questionado se aceitaria o cargo, disse que não trabalha com "hipóteses". "Eu não respondo, não trabalho e não penso sobre hipóteses. Eu trabalho com realidade, coisas concretas. E, no momento, o que existem são hipóteses. Estou disposto a aconselhar, dar minha contribuição", disse.
O ex-presidente do BC, na entrevista, também elogiou a percepção de Temer sobre a economia e disse que o Brasil tem tudo para voltar a crescer, mas que depende de uma retomada da confiança. "Me parece que ele está com uma visão bastante correta e adequada, e que eu acho muito positiva, sobre a economia."
Para Meirelles, a economia só poderá ser recuperada a partir de uma resolução da crise política. "O que é mais importante é tomar medidas que sinalizem claramente que a trajetória de crescimento da dívida pública vai ser revertida no devido prazo."
Segundo ele, Temer não se manifestou sobre o diagnóstico apresentado por ele. "Certamente ele está aguardando o pronunciamento do Senado e, a partir daí sim, de uma forma ou de outra, ele vai se manifestar", disse.
Henrique Meirelles, que ocupou a presidência do Banco Central entre 2003 e 2010, é, desde 2012, presidente do Conselho da J&F, holding do grupo que produz as marcas Friboi, Seara, Vigor e Havaianas.




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