Para poupar o país do trauma do impeachment.
Dilma, renuncie já!
Dilma, renuncie já!
A presidenta Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o
Brasil. É com pesar que se chega a essa conclusão. Nunca é desejável
interromper, ainda que por meios legais, um mandato presidencial
obtido em eleição democrática.
Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de
corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de
clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a
pior recessão da história, Dilma colhe o que merece.
Formou-se imensa maioria favorável a seu impeachment. As maiores
manifestações políticas de que se tem registro no Brasil tomaram as
ruas a exigir a remoção da presidenta. Sempre oportunistas, as
forças dominantes no Congresso ocupam o vazio deixado pelo colapso
do governo.
A administração foi posta a serviço de dois propósitos: barrar o
impedimento, mediante desbragada compra de apoio parlamentar, e
proteger o ex-presidente Lula e companheiros às voltas com problemas
na Justiça.
Mesmo que vença a batalha na Câmara, o que parece cada vez mais
improvável, não se vislumbra como Dilma possa voltar a governar. Os
fatores que levaram à falência de sua autoridade persistirão.
Enquanto Dilma Rousseff permanecer no cargo, a nação seguirá
crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que a presidenta hoje se constitui um obstáculo à recuperação do país.
Continuaremos empenhando em publicar um resumo equilibrado dos fatos
e um espectro plural de opiniões, mas passamos a nos incluir entre
os que preferem a renúncia à deposição constitucional.
Embora existam motivos para o impedimento, até porque a legislação
estabelece farta gama de opções, nenhum deles é irrefutável. Não que
faltem indícios de má conduta; falta, até agora, comprovação cabal.
Pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura orçamentária
ainda permissiva.
Mesmo desmoralizado, o PT tem respaldo de uma minoria expressiva; o
impeachment tenderá a deixar um rastro de ressentimento. Já a
renúncia traduziria, num gesto de desapego e realismo, a consciência
da mandatária de que condições alheias à sua vontade a impedem da
incumbência presidencial.
Dilma Rousseff deve renunciar já, para poupar o país do trauma do
impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a
calamidade sem precedentes do atual governo.
Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma bênção que o
poder retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse alguém da
legitimidade requerida para promover reformas estruturais e tirar o
país da estagnação.
O Tribunal Superior Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em
2014 e poderá cassá-la. Por essa saída a população seria convocada a
participar de nova eleição presidencial, num prazo de 90 dias.
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