Mulheres optam por dupla mastectomia,
mas benefício é incerto
mas benefício é incerto
Vivien Foldes, 58 anos, não se arrepende de ter feito a cirurgia, mas se surpreendeu com os efeitos causados |
Vivien Foldes não se arrepende de ter removido seus seios há cinco anos, depois de apresentar um câncer em estágio inicial.
No entanto, há coisas que Foldes, contadora de 58 anos de Woodmere
(Estado de Nova York), gostaria de ter sido informada quando decidiu
pela dupla mastectomia. Por exemplo, o fato de que o processo de
reconstrução se arrastaria por cinco meses e a deixaria para sempre
incapaz de dormir de barriga para baixo. Ou que ela ficaria insensível
“da frente até as costas em toda a região do sutiã”, disse. “Nada.
Zero.”
Ainda assim, diz Foldes, sua mãe teve dois tipos de câncer e ela quis
ser proativa: “Eu não quis esperar para ver o que iria acontecer”.
Foldes faz parte de um grupo cada vez maior de mulheres que optam por
ter ambos os seios removidos depois de um diagnóstico de câncer, apesar
de os médicos dizerem que a operação não aumenta as chances de
sobrevivência.
Agora, um novo estudo baseado em pesquisas com milhares de mulheres
sugere que as que fazem mastectomia dupla tampouco se beneficiam de uma
grande melhora na qualidade de vida. A pesquisa foi publicada no
periódico “The Journal of Clinical Oncology”.
“Alguns estudos mostraram que, nas pacientes que não têm uma mutação
genética que aumenta o risco de câncer de seio, o benefício de remover o
seio saudável — meramente de uma perspectiva da doença — é de zero a
mínimo”, disse E. Shelley Hwang, chefe de cirurgia de seio no Instituto
do Câncer Duke na Carolina do Norte, que liderou o estudo. O que ela
queria descobrir era: “Se não estende a longevidade, pelo menos melhora a
qualidade de vida?”
Hwang concluiu que os benefícios são marginais. “Algumas mulheres
tiveram resultados muito bons e estão felizes por terem tomado essa
decisão”, disse. Mas “você não fica melhor, ou mais feliz, nem se sente
melhor sexualmente por ter o seio saudável removido”, acrescentou.
O número de mulheres que optam por remover o seio canceroso e o saudável
— procedimento chamado de mastectomia profilática contralateral (MPC) —
aumentou. Em 2011, cerca de 11% das mulheres nos Estados Unidos que
sofreram mastectomia por causa de câncer escolheram a MPC, comparadas
com menos de 2% em 1998.
Muitos especialistas estão preocupados com essa tendência. Mulheres com
câncer de seio em fase inicial têm a mesma probabilidade de
sobrevivência se fizerem uma lumpectomia [cirurgia que preserva a mama]
ou uma mastectomia, e pesquisas sugerem que o risco de um câncer no seio
contralateral é baixo.
Mas as pacientes dizem que querem eliminar qualquer risco. Hwang disse:
“Elas têm câncer e não querem ter de lidar com isso de novo”.
Muitas também são influenciadas pelo histórico familiar. Valerie
Garguilo, 54, de Bellport, Nova York, viu sua irmã morrer em 2008 depois
de lutar durante sete anos contra um câncer de seio que foi tratado com
uma lumpectomia seguida de duas outras e depois metástase até os ossos e
o cérebro. Quando Garguilo descobriu que tinha câncer em estágio zero,
quatro anos atrás, ela decidiu por uma mastectomia dupla. “Quis fazer o
máximo possível para cortar minhas chances de recorrência.”
Complicações cirúrgicas podem ocorrer durante a reconstrução e há risco
de dor ou insensibilidade crônicas. Além disso, muitas mulheres têm
expectativas irreais sobre a aparência e a sensibilidade dos novos
seios. “Uma paciente disse que não sentia mais os abraços de seus
filhos”, disse Hwang. “Isso me marcou.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário