quinta-feira, 7 de abril de 2016


Real e recessão levam Brasil a ter uma das maiores quedas de importação do mundo — país caiu da 21ª para a 25ª posição entre maiores importadores



Em 2015, a redução foi de 25,2%, colocando o País na 25ª posição entre
os principais mercados importadores


A crise econômica no Brasil e o real desvalorizado levam o País a sofrer a segunda maior queda de importações entre as grandes economias do mundo. A queda, segundo a OMC, deve continuar em 2016.
Em 2015, a redução foi de 25,2%, colocando o País na 25ª posição entre os principais mercados importadores. No ano passado, o Brasil somou compras de US$ 179 bilhões, inferior ao da Polônia ou Turquia.
Os dados foram apresentados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que aponta que a contração deve continuar em 2016. "Quando a economia desacelera, um indicador é a redução de compras. No caso do Brasil, essa queda foi significativa", indicou Roberto Azevedo, diretor da OMC.
Robert Koopman, economista chefe da OMC, indicou que a contração pode continuar. Na América Latina, a queda da produção foi de 1% em 2015. Mas deve se aprofundar para uma retração de 1,7% em 2016.
Entre as 30 maiores economias do mundo, apenas a Rússia registrou uma contração de compras superior às do Brasil, com queda de 37%. Moscou, porém, vive ainda sob o embargo da UE e dos EUA por conta dos conflitos na Ucrânia.
Com a contração na economia brasileira, o impacto foi sentido pelo setor industrial e por consumidores que deixaram de importar nos mesmos níveis dos últimos anos. A desvalorização do real ainda pesou, obrigando setores a substituir produtos importados por nacionais.
Em 2013 e 2014, o Brasil aparecia na 21ª posição entre os maiores importadores, ainda que uma contração de 5% já começava a ser sentida no ano da Copa do Mundo. Com a queda de quatro lugares no ranking da OMC, o País já é ameaçado por Malásia e Arábia Saudita.
Segundo a OMC, a situação brasileira contaminou os resultados de toda a América do Sul, que acabou tendo o pior resultado entre todas as regiões. "O crescimento negativo de importação na América do Sul em 2015 foi causado em grande parte pela severa recessão no Brasil", indicou a OMC.
O Mercosul ainda foi o bloco econômico com os piores resultados, com queda de 22% nas exportações e 21,5% de redução nas importações.
As importações de serviços no Brasil também caíram de forma dramática, com redução de 19,8% em 2015 e somando US$ 69 bilhões.
O maior importador do mundo continua sendo os EUA, com compras em 2015 de US$ 2,3 trilhões. A China vem em segundo lugar, com US$ 1,6 trilhão, mas com uma queda de 14% nas compras diante da desaceleração de sua economia.

Exportação — No lado das vendas ao exterior, o Brasil também registrou uma das piores quedas, com contração de 15,1% em valores e colocando o País na 25ª posição entre os exportadores. Hoje, os produtos nacionais representam apenas 1,2% do mercado mundial e mesmo a Polônia e Malásia já exportam mais que o Brasil ao mundo.
Em volumes, o Brasil continua a ver uma expansão de suas vendas, com 8% em 2015. Mas a queda nos preços de minérios e produtos agrícolas afetou a renda.
Entre os exportadores, a líder é a China, com US$ 2,2 trilhões em vendas em 2015. Os americanos aparecem com US$ 1,5 trilhão, na segunda colocação.

Para 2016, a OMC estima que o comércio terá uma expansão de apenas 2,8%, bem abaixo da previsão inicial de 3,9%. Em 2015, a taxa já havia sido de apenas 2,8%, a pior em anos. "O comércio continua a registrar crescimento. Mas a taxas decepcionantes ", disse Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
"Esse é o terceiro ano consecutivo com um crescimento do comércio abaixo de 3%", indicou. Segundo ele, o volume de vendas continua a subir. Mas as taxas de câmbio e queda nos preços das commodities impedem um salto nos valores. "Isso pode minar o crescimento frágil das economias em desenvolvimento", disse.
Para 2017, a previsão é de uma expansão de 3,6% no mundo. Mas bem abaixo da média de 5% ao ano na década de 90.




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