PMDB prepara a expulsão de deputados que votarem
contra impeachment de Dilma
contra impeachment de Dilma
O senador Romero Jucá |
Depois de romper com o governo, o PMDB cogita adotar outra providência
extrema. Há no partido “uma tendência pelo fechamento de questão a favor
do impeachment” de Dilma Rousseff, disse o senador Romero Jucá, que
responde pela presidência do PMDB desde terça-feira (05.abr.2016). A
ideia é anunciar a novidade até a próxima quinta-feira, dia 14 de abril,
véspera do início das sessões de discussão e votação do impedimento de
Dilma no plenário da Câmara.
O fechamento de questão é uma ferramenta que permite ao partido obrigar
seus congressistas a seguirem a vontade da maioria em votações de temas
considerados vitais, sob pena de expulsão. O mecanismo está previsto no
artigo 47 do estatuto do PMDB,
dono das maiores bancadas na Câmara e no Senado. O parágrafo 1° desse
artigo prevê que a decisão tem de ser aprovada pela maioria das bancadas
e da Executiva Nacional.
O parágrafo 2° do mesmo artigo regula as exceções: “Os parlamentares
que, em relação à matéria objeto de ‘fechamento de questão’, pretendam
ter, por motivos de consciência ou de convicção religiosa, posição
diversa, deverão submeter suas razões ao conhecimento e à apreciação”
das respectivas bancadas e da Executiva. Abstenções ou votos contrários
só serão admitidos quando autorizados pela “maioria absoluta” dos órgãos
partidários.
Rédea curta — [Na realidade] o PMDB prepara a expulsão de todos os deputados que
votarem contra o impeachment ou faltarem à sessão que definirá o futuro
de Dilma Rousseff. O fechamento de questão, que será decidido pela
Executiva na próxima semana, é planejado como o último grande fato para
impulsionar a deposição. O estatuto permite que o partido obrigue seus
deputados a seguir uma posição se houver maioria na Executiva e nas
bancadas. A ala governista promete ao Planalto entregar 25 dos 67 votos.
A estratégia ainda não é tratada abertamente pelos caciques.
A bancada do PMDB tem cerca de dez candidatos a prefeito, que não podem
perder a filiação de jeito nenhum, sob pena de não conseguirem concorrer
nas eleições de outubro.
O senador Romero Jucá — número dois na hierarquia partidária, Jucá foi
alçado à presidência do PMDB depois que Michel Temer decidiu se
licenciar do posto — endereçou à comissão de ética do PMDB pedidos de
expulsão dos quadros da legenda de dois ministros que resistem à ideia
de entregar seus cargos: Kátia Abreu (Agricultura) e Celso Pansera
(Ciência e Tecnologia).
“Num momento como esses, não dá para o PMDB tergiversar”, disse Jucá.
“Não podemos ter duas, três posições diferentes. A população não entende
isso. A política cobra coerência e firmeza.” Além das ações
disciplinares contra Kátia e Pansera, há no conselho de ética do partido
um processo de expulsão já instaurado contra o ministro Mauro Lopes
(Aviação Civil). Os três não são os únicos peemedebistas que permanecem
pendurados na Esplanada. Há outros três contra os quais nenhuma punição
foi requerida: Helder Barbalho (Portos), Eduardo Braga (Ciência e
Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde).
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