Um exemplo da Igreja desejada pelo Papa Francisco
Papa Francisco |
A canonização de Madre Teresa de Calcutá vem num momento em que o Papa
Francisco volta a Igreja Católica para as classes desfavorecidas. Ela é
apontada como exemplo num momento importante para o mundo. Representa
uma Igreja que está comprometida com os mais pobres e com os que mais
sofrem. Ela é europeia e foi exercer o trabalho com povos sofridos na
Índia, cuja população não é majoritariamente cristã, num gesto
totalmente de amor sem pretensões políticas e ideológicas.
Num momento em que a crise de refugiados alcança proporções gigantescas,
ela representa o modelo do comportamento cristão diante de Cristo. Não
apenas acolheu as pessoas que estavam sofrendo, como saiu de sua terra
para ajudar na terra deles.
Madre Teresa é um dos exemplos mais evidentes do modelo de Igreja que o
Papa Francisco considera necessário para os nossos tempos. Ela tornou-se
o exemplo da pessoa que foi até as “periferias da existência”
defendidas por Francisco. Incluem a periferia material e também aqueles
excluídos do ponto de vista afetivo, como drogados, abandonados, que
estão em crise depressiva.
Canonização
A aprovação da canonização é particularmente importante porque o
processo costuma ser demorado. Existe um conjunto de fatores importantes
para determinar a velocidade do processo. O primeiro é o reconhecimento
popular da pessoa. João Paulo II foi canonizado em menos de dez anos,
um dos mais rápidos da História. Em seu funeral, as pessoas já gritavam
que ele era santo. Isso agiliza porque há mais gente trabalhando para
conseguir evidências de que ele é santo e pedindo sua interseção. Tanto o
processo dele como o de Madre Teresa foram rápidos. São dois santos
emblemáticos, o mundo inteiro os conhecia. Madre Teresa está sendo
canonizada menos de 20 anos depois de sua morte.
Mudança de postura
A Igreja sempre foi muito rigorosa no reconhecimento da santidade, para
não estimular o devocionismo. Porém, percebeu que mais importante do que
combater o devocionismo era mostrar personalidades exemplares. O santo
tem um valor para a Igreja de mostrar que os ideais evangélicos são
viáveis no mundo. Que uma pessoa pode seguir aqueles ideais tendo uma
vida normal.
Existe um esforço maior em agilizar certos processos de canonização. Uma
característica importante da santidade, da devoção ao santo, é que é um
fenômeno comunitário. Só no Brasil, hoje, deve haver umas cinco pessoas
no processo de canonização.
O Vaticano mantém sigilo inicial sobre a pessoa agraciada com a
interseção. Existe uma tendência na Igreja de não divulgar o nome para
não transformar a pessoa numa celebridade, o que fugiria um pouco do
espírito do processo. A ideia é que o processo seja sempre discreto.
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