A volta da 'nova' matriz econômica
Raquel Landim |
Com Nelson Barbosa confirmado como ministro da Fazenda, sua nomeação
significa a volta da "nova" matriz econômica depois de um ano de
promessas de mudança de rumo.
Barbosa foi secretário executivo de Mantega e é muito próximo da
presidente Dilma. Ele foi um dos mentores — se não o principal — da
"nova" matriz: juro baixo, câmbio desvalorizado, e aumento do gasto
público.
A "nova" matriz era considerada uma opção desenvolvimentista ao tripé
fiscal: câmbio flutuante, superavit primário e meta de inflação. Essas
ferramentas mantiveram o Brasil no rumo do desenvolvimento em boa parte
dos governos FHC e Lula.
A "nova" matriz econômica parte da ideia equivocada de que o Estado deve
ser o indutor do crescimento, através de gastos sociais e de mais
investimento público.
Barbosa já sinalizou que continua pensando da mesma forma ao dizer que o
Brasil precisa manter o mesmo nível de investimento em 2016 para
combater a recessão.
Elevar os investimentos é a saída para sair dessa crise, mas quem tem
que investir é o setor privado, que tem os recursos e a capacidade
gerencial. E, sem confiança no país, os empresários não investem.
O Tesouro está quebrado e capacidade de gestão do governo é notoriamente
ruim. O maior exemplo é a corrupção que assola a Petrobras e outras
estatais.
Barbosa tem a seu favor o fato de não ser tão favorável à farra fiscal
quanto Guido Mantega, um de seus antecessores. Mas sua indicação é um
péssimo sinal para o país.
Dilma continua no controle da política econômica e insiste no erro.
A presidente não aprendeu com os resultados desastrosos de seu primeiro
mandato, que nos levaram a recessão de 4% este ano. Também parece
ignorar a experiência da Argentina e da Venezuela.
Os chavistas e os Kirchner radicalizaram o modelo desenvolvimentista e
colheram inflação descontrolada, recessão, e total falta de
credibilidade.
A Venezuela, por enquanto, é um caso perdido, a Argentina começa a sair
dessa situação com a troca de poder. O Brasil ainda pode evitar a
catástrofe, mas por pouco tempo.
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