Bonecos infláveis rodaram o país em manifestações bem-humoradas
Era início da manhã de 16 de agosto em Brasília, quando um saco com
um conteúdo sigiloso chegou à Esplanada dos Ministérios, vindo de
uma fábrica em São Paulo. Às 7h, oito pessoas se reuniram em torno
da encomenda, que começou a tomar forma. Não foi fácil: o gigante,
de 15 metros de altura, balançou, tombou e até rasgou. Mas, quase
duas horas depois, ficou de pé, para o delírio da multidão. Foi a
estreia oficial do “Pixuleco”, caricatura do ex-presidente Lula
vestido de presidiário, que abriu definitivamente a temporada de
aparições de bonecos infláveis pelo país. Depois disso,
perseguições, atentados e até prisão fizeram parte de um 2015 cheio
de aventuras para os personagens que marcaram as manifestações.
— O “Pixuleco” começou andando de ônibus. Mas, desde que sofreu o
primeiro ataque, de canivete, em São Paulo, no fim de agosto,
mudamos de estratégia. Para os lugares mais próximos, ele ia de
carro, com uma escolta com mais dois veículos. Para os mais
distantes, de avião. É um boneco até simpático, que chama a atenção
das crianças por onde passa. Mas, para quem não gosta da crítica, é
a verdadeira imagem do capeta — diz Ricardo Honorato, um dos
representantes do Movimento Brasil, que idealizou o boneco.
Somente o “Pixuleco” fez 11 viagens. Ao menos três, foram para a
fábrica de São Paulo, para fazer reparos após ataques. Caricaturas
da presidente Dilma foram feitas duas: uma, com nariz grande, ficou
conhecida como “Pinóquia”; a outra, mais famosa, de máscara preta e
faixa com a palavra impeachment, virou a “Bandilma”. As duas rodaram
por diversas capitais, também sofreram atentados, mas, graças a
algumas costuras, passam bem.
Na onda de manifestações, houve até um pequeno herói que foi
inusitadamente preso: o Super Moro, referência ao juiz Sérgio Moro,
da Lava-Jato. No dia 25 de novembro, data da prisão do líder do
governo no Senado, Delcídio do Amaral, o personagem foi levado à
Casa pelo Movimento Nas Ruas e “detido” pela Polícia Legislativa.
Depois, ganhou fama, com 600 cópias vendidas num protesto em São
Paulo.
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