sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


Ex-candidata a presidente Marina Silva reúne a Rede Sustentabilidade para definir posição sobre impeachment — O partido posicionou-se contra o impeachment de Dilma. Legenda defende apurações no TSE e na Lava Jato. Mas há divergência entre dirigentes nacionais da Rede — Marina não vê “elementos técnicos'' para impeachment



Dilma Rousseff e Marina Silva


Marina Silva, principal líder do recém-criado partido Rede Sustentabilidade, fez uma reunião na quinta-feira (03.dez.2015) para definir qual estratégia seu grupo político terá durante a tramitação do impeachment.
A Rede tem 5 deputados federais e 1 senador. Não havia consenso entre esses congressistas sobre como a legenda deveria se posicionar sobre o pedido de afastamento de Dilma Rousseff, acolhido na quarta-feira (02.dez.2015) pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Até então, Marina Silva havia dado declarações comedidas sobre impeachment, afirmando que essa saída não seria a mais apropriada no momento.
Após o encontro, a Rede Sustentabilidade posicionou-se contra o impeachment de Dilma Rousseff.
O partido defenderá, entretanto, a continuação da investigação conduzida pelo Tribunal Superior Eleitoral, que apura suspeitas de abusos de poder político e econômico cometidos pela presidente Dilma Rousseff  e seu vice, Michel Temer, na disputa de 2014.
O posicionamento da Rede deve ser oficializado em nota oficial da legenda.
“Pelos fatos apresentados até o momento, não se encontram presentes os elementos necessários para o impeachment. A Rede acredita que a Justiça é o melhor caminho e defende o aprofundamento das investigações e o avanço de todas as ações no Judiciário, livre de chantagens e ameaças'', disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).
Segundo dirigentes da sigla pesou na decisão a posição pessoal da ex-senadora Marina Silva. Para ela, não existem “elementos técnicos e jurídicos” que embasem o pedido de afastamento de Dilma. Da mesma forma, a maior parte da Comissão Executiva Nacional da Rede entendeu que não há dados que justifiquem o impeachment.
Há algumas divergências entre os dirigentes da sigla. Parte da Rede queria que a legenda apoiasse o afastamento da presidente. Houve também quem defendesse a renúncia de Dilma. Integrantes da Rede acrescentam que a decisão é “provisória'' e “pode mudar'' conforme a evolução do cenário. A Rede também pretende ouvir militantes sobre o assunto nos próximos dias.
O documento oficial trata de maneira crítica as ações protagonizadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo governo petista. A Rede também ataca o governo do PT, apontado como causador da crise política e econômica atual.
Marina Silva ficou em 3º lugar nas eleições de 2014, obtendo cerca de 22 milhões de votos. Pesquisa do Instituto Datafolha de 25 e 26 de novembro de 2015 mostra que ela cresceu em popularidade nos últimos meses.



PS: Para o processo de impeachment ser aberto e remetido ao Senado para votação, é preciso que conte com o apoio de dois terços dos 513 deputados. Ou seja, com 172 votos, Dilma Rousseff conseguirá manter-se na Presidência.
É possível dizer que, hoje, a petista teria apenas entre 135 e 140 votos favoráveis na Câmara.
Dilma Rousseff tem pressa porque esse número tende a diminuir e, com o tempo, ficará ainda mais difícil reverter a erosão na sua base aliada, por causa da deterioração econômica e dos avanços nas investigações da Lava Jato.

A pressa do PT em cancelar o recesso parlamentar, a fim de agilizar o processo de impeachment, fez o PSDB rever a sua estratégia, segundo o deputado Carlos Sampaio.
"Essa pressa é para tentar matar o impeachment em janeiro, quando apenas a comissão processante estará funcionando. Com o Congresso vazio, grande parte da população em férias e possibilidade quase nula de ocorrerem manifestações, o PT pretende retirar a visibilidade do impeachment, reverter a erosão na base aliada e, assim, convencer a maior parte dos parlamentares a rejeitar o pedido", disse Carlos Sampaio.




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