Nunca antes — 2015 fica na História por situações inéditas na política, economia,
saúde e meio ambiente
Adeus ano velho, feliz Ano Novo. Será mesmo? Se uma palavra
resumisse 2015, poderia ser “inacreditável”. De janeiro a dezembro,
os brasileiros foram surpreendidos por situações inusitadas e
inéditas, que entraram para a História recente do país e dão sinais
que, certamente, vão perdurar em 2016. Foi neste ano que os
conchavos políticos e as traições deixaram o Palácio do Planalto em
polvorosa; em que a economia saiu dos trilhos com o dólar em sua
maior cotação, a inflação em dois dígitos e o desemprego em forte
alta; em que o meio ambiente foi duramente castigado com um
rompimento de barragem (o desastre do Rio Doce, em Minas Gerais); e
em que a saúde pública recebeu golpes, ainda sem soluções, de vírus e mosquitos (virou refém do vírus zika e de um velho
conhecido, o mosquito Aedes aegypti).
As sucessivas fases da Operação Lava-Jato quase que monopolizaram as
manchetes, e, com elas, veio uma sucessão de casos inéditos e de
quebras de tabus.
Munidos de ferramentas tecnológicas e alta capacidade investigativa,
que cruzaram de contas bancárias a ligações telefônicas,
que geraram comparações até com a série americana “CSI”, e tendo
como
combustível a enxurrada de delações premiadas, os procuradores
levaram à cadeia, pela primeira vez, um senador em exercício
(Delcídio Amaral, do PT), líder do governo Dilma. Governo que tem a
presidente em rota de colisão com seu vice, Michel Temer, cujos
aliados trabalham pelo impeachment da petista. Dilma também é a
única chefe de Estado pós-Getulio Vargas a ter as contas rejeitadas
pelo Tribunal de Contas da União, devido às chamadas “pedaladas
fiscais”.
Mas o inacreditável não ficou restrito ao Palácio do Planalto. No Congresso, os
presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha —
mestre em manobras que empurraram o processo de cassação contra ele
para 2016 —, ambos do PMDB, são investigados ao mesmo tempo pela
Operação Lava-Jato. Numa história de fazer inveja ao roteirista da
série “House of Cards”, sobre os bastidores da política americana,
Cunha foi flagrado com milhões de dólares em contas na Suíça, que
pagaram até aulas de tênis para sua mulher, a ex-apresentadora de TV
Cláudia Cruz.
A Lava-Jato, sempre ela, não poupou da cadeia os dois maiores e mais
poderosos empreiteiros do país, Marcelo Odebrecht e Otávio de
Azevedo. Um feito para um país onde é comum se dizer que somente
pobres vão para a cadeia.
Mas o que esperar ainda de um ano que insiste em não acabar? Um ano
em que, em seu último dia cheio, o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, cai após criticar abertamente o governo. Não há dúvidas de que
2016 também será de fortes emoções, mas, pelo andar da carruagem,
alguém é capaz de prever o que nos reservam os últimos dias que restam de
2015?
Prisões sucessivas, alta do dólar e crise em Brasília
faz ano ficar na História
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