É classificada como grave a
epidemia de microcefalia que atinge o Brasil — a questão
preocupa o país, não há paralelo na história da saúde
pública.
A maior crise em saúde pública dos últimos cem anos — assim é como
se classifica a epidemia de microcefalia que atinge o Brasil.
Nos últimos cem anos, tivemos algumas grandes crises de saúde
pública no mundo, entre elas a gripe espanhola, o surgimento da
poliomelite e a varíola, mas a magnitude e o modo com que essa
epidemia de microcefalia vem se apresentando não têm paralelo na
história da saúde pública. É certamente uma das maiores crises, se
não a maior que tivemos nos últimos cem anos.
O Brasil não está preparado para enfrentar essa crise. Ninguém no
mundo pode estar preparado para uma situação dessa. Muitos (países)
estão prestando atenção no Brasil. Estamos lidando com um fato
desconhecido da ciência, não há outros cientistas no mundo que
conhecem tanto o zika (e as complicações). O Brasil tem um sistema
único de saúde e muito rapidamente conseguiu mobilizar todos os
municípios em torno de um objetivo. Isso é uma vantagem. Conseguimos
definir e captar a informação muito rápido. O ruim é que há ainda
uma desestruturação desse mesmo sistema, em função da falta de
financiamento.
No momento, o que é mais urgente, do ponto de vista científico, para
combater a doença é o desenvolvimento de diagnósticos para saber
exatamente o que a gestante tem e qual a diferença entre dengue,
chicungunha e zika. Outra prioridade absoluta é ter um conjunto de
técnicas para controlar o mosquito. Uma terceira prioridade é
conhecer melhor a relação (do vírus) com a microcefalia.
A Microcefalia — é uma doença em que a cabeça e o cérebro das
crianças são menores que o normal para a sua idade, influenciando o
seu desenvolvimento mental.
Geralmente, a microcefalia está presente quando o tamanho da cabeça
de uma criança com um ano e três meses é menor que 42 centímetros.
Isto ocorre porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão
separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça
normalmente.
A microcefalia é uma doença grave, que não tem cura, e a criança que
a possui pode precisar de cuidados por toda a vida, sendo dependente
para comer, se mover e fazer suas necessidades, dependendo da
gravidade da microcefalia que possui.
As crianças com microcefalia podem ter graves consequências como:
- Atraso mental
- Déficit intelectual
- Paralisia
- Convulsões
- Epilepsia
- Autismo
- Rigidez dos músculos
Apesar de não haver tratamento específico para a microcefalia, podem
ser tomadas algumas medidas para reduzir os sintomas da doença.
Normalmente a criança precisa de fisioterapia por toda a vida para
se desenvolver melhor, prevenindo complicações respiratórias e até
mesmo úlceras que podem surgir por ficarem muito tempo acamadas ou
numa cadeira de rodas.
Todas estas alterações podem acontecer porque o cérebro precisa de
espaço para que possa atingir o seu desenvolvimento máximo, mas como
o crânio não permite o crescimento do cérebro, suas funções ficam
comprometidas, afetando todo o corpo.
A microcefalia pode ser classificada como sendo primária quando os
ossos do crânio se fecham durante a gestação, até os 7 meses de
gravidez, o que ocasiona mais complicações durante a vida, ou
secundária, quando os ossos se fecham na fase final da gravidez ou
após o nascimento do bebê.
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