Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Calcutá segura bebê durante visita a Joanesburgo, na África do Sul, em 1988 |
A devoção aos necessitados fez com que a pequena figura de Madre Teresa
de Calcutá recebesse o Prêmio Nobel da Paz em 1979, na menos contestada
escolha de toda a história do prêmio, iniciada em 1901. Concorriam com
ela 37 pessoas e 19 organizações, entre as quais estava o então
arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. Madre Teresa de
Calcutá, cujo nome tinha sido indicado em 1975 pelo senador americano
Robert Kennedy e pela economista Barbara Ward, era apontada como uma
"santa viva", que esteve para ser beatificada antes mesmo de morrer.
Esses elogios nasceram de seu trabalho humilde e desprendido,
desenvolvido em uma rotina diária iniciada nos anos 50, e que não mudou
na década de 80, quando começaram a surgir os problemas cardíacos que a
matariam em 1997, aos 87 anos. Levantava-se sempre às 4h30m e, depois de
uma parca refeição e uma missa, saía com um dos seus dois sáris brancos
e o único par de sandálias de couro para cuidar dos miseráveis de
Calcutá, no nordeste da Índia, a cidade-símbolo da miséria urbana da
época.
Sua obra assistencial espalhou-se pelos cinco continentes, chegando ao
Brasil, onde foram instaladas dez das 565 casas de assistência mantidas
pelas Missionárias da Caridade em 124 países. No país, ela visitou
Salvador, em 1979, onde se encontrou com irmã Dulce. Três anos depois,
esteve no Rio, visitando comunidades carentes, como a favela Marcílio
Dias, na Avenida Brasil.
Madre Teresa de Calcutá, nascida Agnes Gonxha Bojaxhiu, em 1910, em uma
pequena cidade da Macedônia, resolveu "seguir Cristo nos subúrbios"
depois de uma viagem de trem que fez à cidade de Darjeeling, junto com
uma multidão de famintos e miseráveis. Corria o ano de 1946, e ela, que
era professora em uma escola burguesa de Calcutá, resolveu renunciar a
tudo para "servir entre os pobres mais pobres".
Era contestada pela ala progressista da Igreja, que exigia dela um
engajamento na luta por transformações políticas. O Prêmio Nobel lhe
rendeu cerca de US$ 250 mil, que ela usou para construir casas para os
leprosos e moribundos.
Madre Teresa de Calcutá (à esquerda), ganhadora do Prêmio Nobel da Paz
em 1979, visita Salvador e se encontra com Irmã Dulce — 15/07/1979 |
A canonização de Madre Teresa
O Vaticano confirmou na sexta-feira (18.dez.2015) que abriu o processo
de canonização da Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) após aprovar um
decreto reconhecendo um segundo milagre atribuído à religiosa — a cura
inexplicável de um brasileiro que tinha múltiplos tumores no cérebro. A
cerimônia será realizada em 4 setembro de 2016, como parte do "Jubileu
da Misericórdia" iniciado em 8 de dezembro, informou o jornal dos bispos
italianos, "Avvenire".
"O Santo Padre autorizou a Congregação das Causas dos Santos a proclamar
o decreto sobre o milagre atribuído à intercessão da beata madre
Teresa", anunciou a Santa Sé em um comunicado.
De acordo com o "Avvenire", que já havia adiantado na quinta-feira
(17.dez.2015) a canonização, o homem curado por Madre Teresa estava em
fase terminal e se recuperou em 2008. Natural de Santos, hoje ele está
com 42 anos.
O brasileiro se encontrava “com múltiplos abcessos no cérebro e
hidrocefalia obstrutiva”, e já havia passado por um transplante de rim e
terapia imunossupressora.
Durante uma crise terminal, em 9 de dezembro de 2008, a mulher do
paciente pediu a sua família e amigos para orar à beata, de quem era
devota: "Peçam a Madre Teresa que o cure".
Estando já em coma, o paciente entrou na sala de cirurgia para se
submeter a uma intervenção. Mas, devido a problemas técnicos, a operação
teve que ser atrasada em meia hora. Quando o cirurgião voltou para a
sala de cirurgia, ele encontrou o paciente sentado, acordado e
perfeitamente consciente. Um exame feito no ano seguinte determinou que a
cura da doença não tinha explicação científica.
A cura milagrosa foi reconhecida em uma reunião de especialistas
convocada há três dias pela Congregação para as Causas dos Santos, o que
possibilita assim a canonização.
O site de notícias do Vaticano lembrou que a aprovação do milagre pelo
Papa foi no dia do seu aniversário de 79 anos, em 17 de dezembro.
O primeiro milagre — Em 2002, o Vaticano reconheceu um primeiro milagre
atribuído à intervenção da Madre Teresa, a cura de uma mulher de 30 anos
de Bangladesh, Monika Besra, que sofria de um tumor abdominal.
Prêmio Nobel da Paz de 1979, Madre Teresa de Calcutá visita a favela
Marcílio Dias, na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro — 26/09/1982 |
Vida e trajetória
Ganhadora de um Nobel, ela dedicou sua vida a ajudar os pobres e era
conhecida como “santa das sarjetas”. Tornou-se uma das mulheres mais
conhecidas e populares da cristandade moderna, sendo beatificada pelo
Papa João Paulo II em 19 de outubro de 2003 em uma cerimônia em Roma, na
presença de 300 mil fiéis.
Madre Teresa nasceu a 26 de agosto de 1910 em Skopje, território
albanês, atualmente capital da Macedônia, e morreu em 1997 em Calcutá,
na Índia no dia 5 de setembro.
Fundou as Congregações das Missionárias da Caridade e dos Missionários
da Caridade. Agnese Gonxha Bojaxhiu é o seu nome de batismo e recebeu o
Prêmio Nobel da Paz em 1979 pelo seu trabalho missionário.
Dedicada à caridade, a religiosa procurava não se envolver em política.
Em 1979 esteve em Salvador, onde se encontrou com irmã Dulce e, três
anos depois, visitou favelas do Rio de Janeiro.
Madre Teresa de Calcutá visita a favela
Marcílio Dias, na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro — 26/09/1982 |
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