Oposição defende novas eleições como solução para crise política
Diante do agravamento da crise política por que passa o governo da
presidente Dilma Rousseff, parlamentares da oposição defenderam a
convocação de novas eleições como uma solução para recuperar a
estabilidade política e econômica do país. Para eles, a pressão popular
pode ser capaz de levar a uma renúncia de Dilma e do vice-presidente
Michel Temer.
"O PSDB continua na defesa da soberania do voto popular, da necessidade
de encontrar na nação e no nosso povo, através da legitimidade do voto, a
escolha de um novo governo para que possamos tirar o país da crise",
afirmou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
A oposição aposta em duas possíveis hipóteses que podem levar ao fim do
governo Dilma. Uma delas seria a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), que analisa abusos durante as eleições de
2014, e a outra seria uma forte pressão social pela renúncia da dupla.
Se o primeiro caso se confirmar, o tribunal teria que convocar novas
eleições em três meses.
Entre os que apostam nesta saída, pelo TSE, está a ala do PSDB ligada ao
senador Aécio Neves (MG), que acredita que ele poderia vencer o novo
pleito graças ao recall do ano passado. O mineiro também seria
beneficiado em caso de renúncia.
Em entrevista à imprensa, convocada para anunciar a estratégia, Cunha
Lima rejeitou a tese de que novas eleições poderiam representar um golpe
justamente porque a escolha do novo presidente teria a legitimidade das
urnas. Os tucanos apostam que as manifestações marcadas para o dia 16
de agosto, em que o impeachment de Dilma será defendido nas ruas, podem
ser aproveitadas para disseminar a tese de novas eleições.
O posicionamento da oposição também é uma forma de dizer "não" ao apelo
feito por Temer em que pediu unidade "acima do governo e dos partidos
políticos". Responsável pela articulação do governo com o Congresso, o
peemedebista reconheceu o agravamento da crise política e disse que o
país precisa de "alguém [que] tenha a capacidade de reunificar a todos".
"Concordamos com Michel Temer [vice-presidente da República] sobre a
necessidade de encontrar alguém capaz de unir o país para sair da crise e
ao mesmo tempo também tenho o convencimento da necessidade de que isso
só se constrói através de eleições diretas, onde a sociedade, pelo voto
soberano de cada brasileiro, garantirá a legitimidade que é
indispensável para que possamos unificar o país em torno de um projeto
de salvação nacional", afirmou Cunha Lima.
"A declaração de Temer, que é um constitucionalista, é o atestado de
óbito desse governo. É determinante agora convocar novas eleições.
Estamos em uma democracia e esse alguém ao qual ele se referiu não pode
sair de conchavos de cúpulas político-partidárias ungido como salvador
da pátria. Temer sabe bem que a única forma de reunificar é pelas urnas,
ou não haverá credibilidade para nos tirar dessa crise", defendeu o
líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO).
Para ele, Dilma e Temer terão "espírito público" diante de uma situação
de "total instabilidade, inquietabilidade e insegurança" para convocar
novas eleições". Questionado sobre como a oposição poderia defender
novas eleições diante da possibilidade de não haver renúncia da cúpula
do governo, Caiado afirmou que a pressão popular pode convencer o
Planalto.
"Como cirurgião que sou, muitas vezes o paciente, quando você dá o
diagnóstico, resiste. Daí em alguns dias ele vai e cede. No momento em
que tivermos um 16 de agosto, mais uma sucessão de problemas que estamos
vendo que são cada vez maiores, sucessão de desemprego e inflação
desenfreada, eu diria para você que essa tese defendida não vai
prevalecer [de permanência de Dilma e Temer no poder]", disse o
democrata.
Os tucanos pedirão à população que abandone a tese do impeachment e
defenda novas eleições nas manifestações contrárias ao governo marcadas
para 16 de agosto.
"Estamos lançando um movimento para que as pessoas reflitam que a melhor
saída para a gravidade da crise é a realização de novas eleições",
disse o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
Para os parlamentares, o impeachment de Dilma alçaria Temer à
Presidência, mas ele continuaria sem legitimidade para comandar o país.
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