terça-feira, 19 de janeiro de 2016




Reino Unido deportará imigrantes que não aprenderem a língua inglesa



O primeiro-ministro britânico, David Cameron, se encontra com islâmicas
em aula de inglês em Leeds


O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou na segunda-feira (18.jan.2016) que o Reino Unido poderá deportar imigrantes que não tiverem melhorado seu inglês em um período de dois anos e meio a partir de sua chegada.
A declaração foi feita no anúncio de um programa do governo britânico para facilitar o ensino da língua às mulheres islâmicas, a fim de facilitar sua integração à sociedade britânica e combater o extremismo no país.
A deportação valerá para todas as nacionalidades, mas Cameron fez todas as suas considerações voltadas às mulheres muçulmanas. Por isso, as declarações provocaram indignação na comunidade islâmica no Reino Unido.
Segundo o governo, serão destinados £ 20 milhões (R$ 115,6 milhões) para o ensino da língua. Estima-se que cerca de 190 mil mulheres muçulmanas falam muito pouco ou não falem a língua inglesa.
"Acho muito certo dizer que as pessoas que chegam ao nosso país que temos muitos direitos aqui, é um país fantástico para morar, mas também há obrigações que precisamos colocar para as pessoas que chegarem aqui", disse.
"Não digo que exista algum tipo de relação causal entre não falar inglês e tornar-se um extremista. Mas se você não sabe falar inglês, se não é capaz de se integrar, poderá ter dificuldades entendendo qual é sua identidade e estar consequentemente mais exposto à mensagem dos extremistas."
Para conceder residência pelo período de cinco anos, o Reino Unido atualmente exige das mulheres e dos maridos de um residente que tenham habilidades em inglês similares às de uma criança britânica recém-alfabetizada.
Pelo plano do chefe de governo, os cônjuges serão obrigados a melhorar o nível linguístico em dois anos e meio, sob pena de deportação. Cameron diz que sua intenção é punir os radicais islâmicos, que impedem suas mulheres de estudar.
"Isto está acontecendo no nosso país e não é aceitável. No nosso país as pessoas deveriam ser livres para se vestir como quiserem, de viver como quiserem", afirmou o chefe de governo.

CRÍTICAS
Devido às declarações, Cameron enfrentou críticas da comunidade islâmica e dentro de seu próprio partido. Sayeeda Warsi, que foi sua ministra, considerou que o primeiro-ministro estereotipou os muçulmanos britânicos.
"Acho que ameaçar mulheres e dizer que a menos que você tenha tal padrão você será deportada, mesmo com filhos no Reino Unido e seu marido seja britânico, é, para mim, uma forma incomum de dar poderes e encorajar mulheres".
Em nota, o Conselho de Mulheres Islâmicas britânicos condenou as colocações do chefe de governo e o acusou de marginalizar e demonizar a comunidade muçulmana de forma contraproducente.
"Apesar de comemorarmos o orçamento adicional para o ensino de inglês, não podemos concordar com sua relação entre o baixo nível de inglês e o extremismo", disse a secretária-geral da entidade, Shuja Shafi.
Assim como o Reino Unido, a Alemanha, a Áustria e a Holanda submetem os candidatos a residência permanente a testes de proficiência nas línguas locais.






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