'Charlie Hebdo' é criticado por retratar menino refugiado como estuprador
Uma nova charge do semanário satírico francês "Charlie Hebdo" provocou
revolta nas redes sociais. A peça sugere que Alan Kurdi, menino
refugiado que morreu afogado ao tentar chegar à Europa, se tornaria um
agressor sexual quando crescesse, em referência à recente onda de
denúncias contra imigrantes na Alemanha.
No desenho, intitulado "migrantes" e assinado pelo cartunista Laurent
Sourisseau, ou Riss, dois homens pervertidos correm atrás de mulheres
apavoradas.
"O que o pequeno Alan seria se ele se tornasse adulto?", pergunta a
charge, ao lado uma caricatura do corpo do menino afogado em uma praia.
"'Apalpador' de bundas na Alemanha", acrescenta.
Charge do Chalie Hebdo sobre imigrantes provocou polêmica nas redes sociais |
A ilustração foi publicada na última edição do "Charlie Hebdo", que foi
às bancas na quarta-feira (13.jan.2016), menos de uma semana depois do
primeiro aniversário do atentado terrorista à redação do semanário.
Revoltados com a charge, muitos leitores acusaram a publicação satírica
de generalizar os imigrantes como criminosos, propagando racismo e
xenofobia.
REFUGIADOS
O corpo de Alan Kurdi, 3, foi fotografado em uma praia na Turquia após o
naufrágio da embarcação em que viajava com destino à Grécia. As imagens
circularam o mundo, gerando comoção e atraindo atenção para a crise
migratória no Mediterrâneo.
Em meio ao crescente drama vivido pelos refugiados, alguns governos
europeus, como o da Alemanha, flexibilizaram suas políticas de asilo.
Grupos ultranacionalistas reagiram à chegada de estrangeiros,
acusando-os de ameaçar a vida cultural e econômica de seus países.
O discurso antimigrantes ganhou força após a recente onda de agressões
físicas e sexuais contra mulheres, cometidas em grande parte por
estrangeiros, durante as celebrações de Ano-Novo em Colônia, dentre
outras cidades alemãs.
A apresentação de centenas de denúncias de violência provocou protestos e
inspirou até mesmo a organização de ataques contra refugiados.
Nesta semana, o governo da chanceler alemã, Angela Merkel, reagiu às
denúncias com medidas para facilitar a deportação de imigrantes que
tenham cometido crimes sexuais ou delitos graves, como homicídios e
sequestros.
Policiais vistoriam o corpo de Aylan Kurdi, 3 anos, na praia de Bodrum,
na Turquia; ele estava em barco de refugiados que partiu de Kobani (Sìria) rumo à ilha de Kos (Grécia) |
Policial turco carrega o corpo de Aylan Kurdi, 3 anos, achado morto em Bodrum, no sul da Turquia |
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