domingo, 17 de janeiro de 2016





Imigração de cidadãos brasileiros para Israel cresce 58% em 2015




Funcionários e voluntários do Beit Brasil (Casa do Brasil), ONG que há quase dois anos auxilia imigrantes do país em Israel, sentiram o ritmo de trabalho. Em 2015, o número oficial de brasileiros que se mudaram para Israel chegou a 486, um recorde desde a criação do país, em 1948.
Trata-se de um salto de 58% sobre 2014 e de 132,5% sobre 2013. E a tendência ganha força: em 2016, a ONG prevê receber mil imigrantes brasileiros. "Nossa expectativa é um aumento significativo, de 100%, em 2016", diz Gládis Berezowsky, diretora-executiva do Beit Brasil.
Para Berezowsky, o número oficial de 2015 é subestimado, e o total chegaria a 506 brasileiros, contando quem havia voltado ao Brasil depois de uma imigração frustrada, mas que, no ano passado, retornou de vez a Israel.
Há também aumento no total de casais e famílias. Foram 240 em 2015, enquanto os solteiros foram 148.
"Muita gente vem porque se identifica com Israel, sua religião e cultura. Mas há cada vez mais famílias buscando qualidade de vida e fugindo da crise econômica", diz.
"Israel é, hoje, um país desenvolvido, ponta de lança de tecnologia. Os brasileiros pensam no futuro dos filhos."
Em São Paulo, Revital Poleg, representante da Agência Judaica no Brasil, também sente aumentar o interesse em emigrar para Israel.
"Não diria que a crise é o único motivo, mas ela ajuda as pessoas a tomar uma decisão que já vinha sendo pensada", diz Revital.


A grande maioria dos brasileiros que emigram para Israel (ou fazem "aliá", "subida", em hebraico) são judeus beneficiados pela Lei do Retorno, de 1950, que dá a judeus do mundo todo o direito de serem recebidos imediatamente como cidadãos de Israel se o quiserem. Recebem uma pequena ajuda financeira, moradia por alguns meses e curso de hebraico.
A onda brasileira atual lembra a de 2000 entre os argentinos. Com a crise econômica no país, de 2000 a 2002 10 mil pessoas emigraram para Israel. Destas, cerca de 15% voltaram à Argentina alguns anos depois, mesmo percentual médio dos brasileiros.
O aumento da presença brasileira em Israel já é sentido no maior número de bares e restaurantes brasileiros na área de Tel Aviv.
Mas as cifras não chegam ao patamar da imigração francesa (quase 8.000 pessoas em 2015), que teve impulso da maior sensação de antissemitismo no país, ou ucraniana (7.000), motivada pela intervenção russa.
Israel recebeu, ao todo, 29,5 mil imigrantes no ano passado. Com 4% do total, o Brasil não ocupa as primeiras posições do ranking.
"Em números absolutos ainda não é um fenômeno. Mas estamos acompanhando", disse o porta-voz da Agência Judaica, Yigal Palmor. "A crise econômica é um fato, já que o Brasil não está em guerra e a comunidade judaica brasileira não enfrenta ataques antissemitas."
A economista carioca Cláudia Lazkani, 38 anos, desembarcou há cinco meses em Israel com o marido Charles, 38 anos, e os filhos de 7 e 3 anos. No último dia 13.jan.2016, nasceu no país a terceira filha do casal.
"A decisão foi tomada antes da crise, mas ganhou força com os últimos acontecimentos. Sou economista do setor de petróleo e gás, vi o país afundando. Queria vir para um lugar em que tivesse gosto de viver. A roubalheira estava me fazendo mal."






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