Em um ano 2,5 milhões de pessoas entraram na fila do desemprego
Taxa de desemprego atingiu 9% no trimestre até outubro |
A fila de desemprego continua crescendo no País, segundo os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada
na sexta-feira (15.jan.2016) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). No trimestre até outubro de 2015, um total de 2,5
milhões de pessoas passaram a buscar uma vaga, alta de 38,3% em relação a
igual período de 2014. O avanço é o maior já verificado na série
histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Com esse movimento, o Brasil tinha, no trimestre até outubro do ano
passado, 9,1 milhões de desempregados. Já a taxa de desocupação subiu
para 9% no período, também o maior resultado da série e o décimo aumento
seguido do indicador — que completa quase um ano de rápida
deterioração.
A intensa redução no número de trabalhadores com carteira assinada é um
dos fatores por trás da alta na procura por emprego, explicou Cimar
Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. No trimestre até
outubro de 2015, 1,2 milhão de pessoas perderam o emprego formal em
relação a igual período do ano anterior, segundo a Pnad Contínua.
"O emprego com carteira tem FGTS, plano de saúde, uma série de
garantias. Há a própria garantia do emprego. Mas os brasileiros têm tido
a estabilidade afetada, um rendimento menor. Diante disso, outros
membros da família (antes inativos) acabam saindo para buscar emprego",
explicou Azeredo. "O maior contingente de desocupados é esperado para
janeiro. Esse resultado quebra a sazonalidade da série", completou o
coordenador.
A entrada de 2,5 milhões de pessoas na fila da desocupação em um ano
mostra que a busca por emprego tem crescido em ritmo cada vez mais
intenso. "Enquanto ocorrer redução na carteira assinada, a tendência é
isso (procura por vaga) aumentar", afirmou Azeredo.
Uma das saídas encontradas por essas pessoas é trabalhar por conta
própria. Em um ano, a modalidade ganhou 913 mil novos adeptos, segundo o
IBGE. "Isso não é uma opção. É uma falta de opção. Ele precisa virar
conta própria, porque está tendo perda de renda e emprego", disse.
É por isso que a ocupação não tem tido grandes reduções, segundo o
coordenador do IBGE. No trimestre até outubro de 2015, houve queda de
0,3% na população ocupada ante igual período do ano anterior (-285 mil
vagas), variação considerada estatisticamente estável pelo órgão.
"Não é a população ocupada que está caindo. Essas pessoas estão se
inserindo no mercado de trabalho por outros meios", frisou. Como o
rendimento da pessoal que vive por conta própria é menor, porém, há a
necessidade de que outros membros da família complementem os ganhos.
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