A nova lista de Rodrigo Janot — o
Procurador-geral da República avalia pedido de inquérito para investigar
ministros e parlamentares citados em diálogos do empreiteiro Léo
Pinheiro, da OAS, condenado a 16 anos de prisão
Mensagens indicam que o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, falou sobre liberação de recursos |
As mensagens obtidas pela Operação Lava Jato com a apreensão do celular
do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido nos
meios empresarial e político como Léo Pinheiro, devem servir de base
para gerar uma nova lista de investigados a ser encaminhada pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal
Federal.
Ao menos três ministros da presidente Dilma Rousseff aparecem nos
diálogos obtidos na investigação: o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques
Wagner (PT); o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT); e o
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB).
Na quinta-feira, 07.jan.2016, se revelou mensagens de Léo Pinheiro em
que Jaques Wagner fala sobre a liberação de recursos do governo federal.
Os diálogos, segundo os investigadores, também indicam que Wagner
intermediou negociações para o financiamento de campanhas eleitorais em
Salvador, em 2012, no período em que esteve à frente do governo da Bahia
(2007-2014). Em uma primeira análise, o diálogo é considerado “grave”
por investigadores.
A avaliação preliminar é de que as conversas de Léo Pinheiro escancaram
os “intestinos de Brasília” e relações “pouco republicanas” de políticos
com empresários na capital federal. Léo Pinheiro tinha acesso a
praticamente toda a classe política, de acordo com a investigação.
Caberá ao grupo que auxilia Janot decifrar, nas próximas semanas, os
supostos esquemas mencionados nos diálogos obtidos e identificar o que
pode ser enquadrado como indício de crime — casos em que devem ser
feitos pedidos de abertura de inquérito.
As mensagens do celular de Pinheiro foram transcritas pela Polícia
Federal e Ministério Público Federal no Paraná, onde correm as
investigações da Lava Jato na 1ª instância. No fim de 2015, a PF
encaminhou à Procuradoria os casos em que há menção a políticos com foro
privilegiado. O celular de Léo Pinheiro levou ao conhecimento de
investigadores tanto conversas diretas com os políticos, como contatos
com intermediários e menções aos parlamentares e ministros.
Nomes. A lista de políticos mencionados nas conversas registradas no
celular de Léo Pinheiro inclui, além dos três ministros de Estado, os
presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL). Também fazem parte das conversas, de acordo com
fontes com acesso às investigações, os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e
Lindbergh Farias (PT-RJ); e os deputados federais Arlindo Chinaglia
(PT-SP) e Osmar Terra (PMDB-RS). Léo Pinheiro usava apelidos para se
referir aos políticos, como “Brahma” sobre o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. No caso de Lindbergh, a referência identificada pelos
investigadores é a alcunha “lindinho”. Não há identificação, até o
momento, de trocas de mensagens diretas entre Lula e o ex-presidente da
OAS.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-deputado federal e
ex-líder do partido na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP), já
investigados na Lava Jato, também surgem nas mensagens. Ainda há
conversas sobre o ex-tesoureiro do PT condenado no mensalão, Delúbio
Soares, e sobre o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal
de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.
A expectativa é de que na volta do recesso do STF, em fevereiro, parte
das decisões da Procuradoria seja revelada. No total, o material com
mensagens de Léo Pinheiro tem quase 600 páginas. O envolvimento do
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, está entrelaçado às ações
de Eduardo Cunha. Há relatos de combinação de encontro entre Cunha e o
ex-presidente da OAS, por exemplo, com intermediação de Henrique Eduardo
Alves, segundo fontes com acesso ao material.
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