China inicia produção do J-20, o ‘caça invisível’ — após série de protótipos, país chega a modelo pronto para entrar em produção
Novo equipamento aéreo chinês tem padrão de sofisticação próximo ou igual ao do F-22 americano |
A Águia Negra foi vista pela primeira vez na semana do Natal, um pouco
distante da cidade onde nasceu, Chengdu, na região oeste da China. Era
um dia de sol e frio, aproximadamente 13 graus. Uma aparição rápida,
segundo o comando da aviação de Pequim, mas suficientemente longa para
indicar aos analistas ocidentais que a Águia — ou o novo caça chinês
J-20 — está pronta para entrar em produção regular.
É uma máquina de guerra espetacular, desenvolvida em apenas cinco anos, a
contar do voo do primeiro protótipo, em 2011. Um caça de 5ª geração,
invisível aos sistemas de detecção conhecidos — radar, feixe de laser,
onda sônica — ao nível do modelo russo T-50 e “com grande
possibilidade”, de chegar ao padrão de sofisticação do F-22 Raptor,
americano, muito avançado, de acordo com o relatório anual da Fundação
Jamestown, de Washington, que analisa o balanço das relações militares
dos Estados Unidos e demais potências.
O projeto nasceu ambicioso, no final dos anos 90. Sabe-se pouco sobre
ele. As especificações iniciais citam velocidade máxima na notável faixa
dos 3 mil km/hora, com capacidade para manter durante longo período o
deslocamento supersônico, a 2.400 km/hora e altitude de 20 mil metros. O
modelo visto há uma semana é o nono construído, e provavelmente a
unidade de pré-série.
A aeronave incorpora várias soluções aerodinâmicas e revela que os
sistemas de armas, cerca de sete toneladas de mísseis e de bombas
inteligentes, mais o canhão de 23 mm, estão todos instalados em
compartimentos internos. As câmaras se abrem no momento do lançamento,
reduzindo o sinal eletrônico do jato.
Radares. Os recursos de furtividade parecem produzir bom
resultado. Há três anos, protótipos decolam equipados com um dispositivo
que emite um sinal expandido, destinado a revelar a presença e a
posição do J-20. O projeto, entretanto, enfrenta problemas. A China não
tem ainda o motor adequado ao caça e usa turbinas russas AL-31F.
Desde 1997, a indústria trabalha no desenvolvimento de um conjunto
próprio, de alta potência, o WS-15, que deve gerar até 18,5 toneladas de
empuxo. A estimativa é de que a meta seja atingida em 2017.
Uma manobra intermediária pode estar em curso. Recentemente, os governos
da China e da Rússia anunciaram negociações para o fornecimento de um
lote de 24 a 36 caças Sukhoi-35S, os mais modernos do arsenal russo. Os
aviões serão entregues com motores Saturno AL-41F15, de última geração. O
contrato prevê acesso à tecnologia dos propulsores, o que pode acelerar
o projeto local.
Nos Estados Unidos, o advento do caça chinês despertou atenção. O
Pentágono, no Relatório Anual ao Congresso, define o J-20 como
“eficiente plataforma de longo alcance”. Para o analista privado Loren
Thompson, “o maior risco está na capacidade (do J-20) de atacar
furtivamente objetivos em alto mar, a grande distância”, referência às
flotilhas navais lideradas pelos porta-aviões nucleares americanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário