Propina de US$ 100 milhões ‘ao Governo FHC’
Nestor Cerveró está preso desde o início de janeiro de 2015 |
O ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, um dos
delatores da Operação Lava Jato, afirmou que a venda da empresa
petrolífera Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) de US$ 100 milhões. As informações constam
de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS),
ex-líder do governo no Senado.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que declarações ‘vagas
como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era
presidente e a um ex-presidente da Petrobrás já falecido (Francisco
Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e
não trazem elementos que permitam verificação’.
O papel apreendido é parte do resumo das informações que Cerveró prestou
à Procuradoria-Geral da República antes de fechar seu acordo de delação
premiada. O documento foi apreendido no dia 25 de novembro, quando
Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O
senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Cerveró.
Neste documento, o ex-diretor não explica para quem teria ido a suposta
propina ou quem teria feito o pagamento. Cerveró citou o nome ‘Oscar
Vicente’, que seria ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem
(1989-1999).
“A venda da Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo FHC de US$ 100
milhões, conforme informações dos diretores da Pérez Companc e de Oscar
Vicente, principal operador de Menem e, durante os primeiros anos de
nossa gestão, permaneceu como diretor da Petrobrás na Argentina”,
relatou Cerveró.
Em outubro de 2002, a Petrobrás comprou 58,62% das ações da Pérez
Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a Pecom, como é
conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América
Latina. A Petrobrás, então sob o comando do presidente Francisco Gros,
pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.
No documento, o ex-diretor citou valores que teriam feito parte da
negociação. “Cada diretor da Pérez Companc recebeu US$ 1 milhão como
prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente, US$ 6 milhões. Nós
juntamos a Pérez Companc com a Petrobrás Argentina e criamos a PESA
(Petrobrás Energia S/A) na Argentina.”
Nestor Cerveró já foi condenado na Lava Jato. Em uma das ações, o juiz
federal Sérgio Moro, que conduz as ações da operação na primeira
instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da
Petrobrás. Em sua primeira condenação, Nestor Cerveró foi condenado a 5
anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um
apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.
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