Polícia chinesa vai a agência
reguladora ‘investigar pistas’. Ação faria parte dos esforços chineses
de evitar vendas a descoberto por operadores financeiros.
Pessoas caminham sobre painel eletrônico em Xangai que exibe o desempenho do mercado financeiro |
PEQUIM - A intenção do governo chinês de forçar as Bolsas do país a
pararem de cair virou caso de polícia. Policiais chineses foram ao
escritório da agência reguladora do mercado de ações, a China Securities
Regulatory Commission (CSRC), para investigar pistas a respeito de
operadores que estariam fazendo “maliciosas vendas a descoberto”.
Segundo a agência de notícias Xinhua, a ação faz parte do esforço do
governo de evitar o derretimento das Bolsas, que caíram, em média 30% ao
longo das últimas três semanas.
Sem citar fontes, o Xinhua afirma que o vice-ministro de Segurança
Pública Meng Qifeng teria liderado uma equipe até a sede da CSRC na
quinta-feira (09.jul.2015), antes da abertura do mercado. A investigação
mostraria que as autoridades estão preparadas para “revidar” ações
ilegais com um “grande punho”, disse a Xinhua em seu microblog. A
agência não especificou quais seriam estas atividades ilegais ou quem
são os indivíduos sob investigação.
As vendas a descoberto são aquelas nas quais as operadores vendem ações
que não possuem, apostando que seu valor vai cair, e quando precisam
entregar os papéis, fazem a compra e lucram na diferença entre o preço
da compra e da venda. Elas representam uma pequena parte das operações
chinesas, menos de 0,01%, de acordo com a Bloomberg, somando cerca de
US$ 261 milhões na última quarta-feira (08.jul.2015).
Após várias quedas, as principais Bolsas da China subiram na quinta-feira (09.jul.2015).
Numa tentativa de conter uma queda nos preços das ações que está
começando a perturbar os mercados financeiros globais, a agência
reguladora de valores mobiliários da China tomou a medida drástica de
proibir que acionistas com participações superiores a 5% vendam seus
papéis nos próximos seis meses.
A proibição também parece se aplicar a investidores estrangeiros que
detêm participações em empresas listadas nas Bolsas da China, embora a
maioria de suas participações seja inferior a 5%.
Separadamente, os principais acionistas dos maiores bancos chineses e
empresas prometeram manter suas participações e aumentar suas cotas nas
companhias listadas.
Os anúncios ocorrem após o mercado de ações da China mostrar sinais de
congelamento depois que as empresas correram para escapar da turbulência
ao suspender suas ações e a CSRC alertar para um “sentimento de pânico”
atingindo os investidores.
Para alguns investidores globais, o medo de que a turbulência no mercado
chinês desestabilize a economia real é agora um risco maior do que a
crise na Grécia.
De fato, o governo dos Estados Unidos está preocupado que a quebra do
mercado acionário possa atrapalhar a agenda de reforma econômica de
Pequim.
— A preocupação, que é real, é sobre o que isso significa em relação ao
crescimento de longo prazo na China — disse o secretário do Tesouro dos
EUA, Jack Lew, durante um evento em Washington sobre a estabilidade
financeira.
Mais de 500 empresas chinesas listadas anunciaram a suspensão das
negociações de suas ações nas Bolsas chinesas, elevando o total de
suspensões a cerca de 1.300 — 45% do mercado ou cerca de US$ 2,4
trilhões em ações, com as empresas procurando se afastar da carnificina.
QUEDA NO MERCADO PÕE ALGUMAS EMPRESAS EM RISCO
Companhias chinesas que pegaram dinheiro emprestado usando ações como
garantia podem ter que colocar mais ativos ou restituir suas dívidas,
carregando efeitos da queda do mercado de ações para a economia real.
Um colapso de quase 30% nos preços das ações começou a colocar em risco
algumas empresas que usam tais métodos de financiamento, e o regulador
bancário do país disse que iria deixar as instituições financeiras
renegociarem termos de empréstimo nestas circunstâncias.
Bancos e outros empréstimos apoiados por ações listadas oficialmente
aumentaram cerca de 260% em maio para 58,4 bilhões de iuanes (US$ 9,4
bilhões) em relação ao ano anterior, representando cerca de 4,8% do
financiamento social total para o período.
— Não há dúvida de que todas as companhias estão enfrentando um dilema
financeiro — disse Zhang Jihong, secretário do conselho na Hubei Landing
Holding, companhia têxtil que suspendeu a negociação de suas ações,
após as ações caírem 61%. — É muito cedo para prever qual influência a
queda de ações terá na economia real.
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