Boletim Focus
Mercado piora projeção: PIB com recuo de 1,7% e inflação chega a 9,15%
Depois da divulgação de dados ruins sobre a atividade na semana passada,
os analistas do mercado financeiro passaram a esperar uma retração
econômica maior neste ano. A previsão saltou de 1,5% para 1,7%. No
quadro desenhado pelos especialistas, há ainda mais inflação. O impacto
da recessão econômica já afeta as projeções do ano que vem, que deve ter
menos crescimento. No entanto, esse freio na economia faz com que os
prognósticos para a inflação em 2016 melhorem.
Vendedor conta notas de real em uma feira livre |
Segundo a pesquisa que o Banco Central faz semanalmente com os
economistas das principais instituições financeiras do país, 2015 deve
ser um ano de um reajuste de tarifas de serviços públicos ainda mais
pesado que o previsto antes. A projeção para a alta dos chamados preços
administrados chegou a nada menos que 15%. Até a semana passada, a
estimativa era de 14,9%.
Esse “tarifaço” tem impacto direto no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). A expectativa dos economistas para a inflação
oficial neste ano passou de 9,12% para 9,15%. Essa foi a 14ª alta
seguida da perspectiva dos analistas. Está cada vez mais distante da
meta de 4,5% com uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais para
mais ou para menos.
Por isso, praticamente a totalidade do mercado financeiro espera mais
duas altas da taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano.
Com isso, os juros chegariam a 14,5% ao ano. Na semana que vem, o Comitê
de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir os próximos passos
da condução da política contra a inflação.
Por causa desse aperto, a previsão para a inflação no ano que vem caiu
pela terceira semana seguida. Passou de 5,44% para 5,40%. Esse remédio
contra a alta de preços tem custo: a retomada do crescimento econômico
deve ser bem mais lenta que o imaginado antes. Há um mês, a aposta era
de um crescimento de 0,7% em 2016. Na semana passada, estava em 0,5%.
Agora, é de apenas 0,3%.
No entanto, esse ajuste na economia faz com que alguns números melhores.
Um dos exemplos é a atração de investimentos estrangeiros, que entram
no país para aumentar a capacidade de produção das fábricas. A
estimativa para este ano subiu de US$ 66 bilhões para US$ 66,25 bilhões.
Já a expectativa para a balança comercial também melhorou na esteira da
cotação maior da moeda americana. Subiu de US$ 5,5 bilhões para US$ 6,4
bilhões em 2015. Foi a quinta alta consecutiva.
Tudo isso ajuda a diminuir o rombo das contas externas. A projeção para o
déficit nas chamadas transações correntes — resultado de todas as
trocas de serviço e do comércio do Brasil com o resto do mundo — caiu de
US$ 80,5 bilhões para US$ 80 bilhões.
Para 2016, o mercado também reduziu a previsão para a Taxa Selic, que é a
taxa básica de juros da economia brasileira. O número passou de 12,25%
ao ano para 12%.
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