quinta-feira, 9 de julho de 2015


Planalto apaga imagem de filme de Chaplin que ilustrava post sobre Plano de Proteção ao Emprego (PPE)
Imagem era de ‘Tempos modernos’, que critica condições precárias de trabalho de operários.
Em nota, governo justifica que o conteúdo era inadequado.

O Palácio do Planalto apagou de sua conta no Facebook uma imagem do filme "Tempos modernos" que ilustrava uma postagem sobre o Plano de Proteção ao Emprego (PPE). A imagem mostrava o ator Charles Chaplin operando uma máquina e tinha a seguinte legenda: "Jornada de trabalho menor ... e meu emprego garantido". O filme é de 1936, mas, ao contrário da mensagem que o governo tentou passar, retratou justamente o oposto: as más condições de trabalho dos operários. Internamente, a avaliação no Planalto é de a publicação da imagem foi constrangedora e desnecessária.

Imagem postada pelo Planalto no Facebook, que foi alvo de críticas de internautas

O texto original da postagem chamava os internautas a conhecer o plano, lançado por meio de uma medida provisória (MP). Num cenário de desemprego crescente, a MP permite a redução da jornada de trabalho, com corte dos salários em até 30%, em momentos de crise. Mas, para o trabalhador, esse corte será, efetivamente, de 15%, uma vez que o governo se compromete a usar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para bancar metade da parcela do salário que for cortada.
O FAT vai complementar até 50% do corte salarial, limitado a 65% da parcela do seguro-desemprego (R$ 900,84). Segundo estimativas do governo, quem ganha R$ 2.500 passará a receber R$ 2.125, sendo que a empresa responderá por R$ 1.750, e o governo, por R$ 375. Para uma remuneração de R$ 5 mil, o novo contracheque ficará em R$ 4.250, sendo que a companhia pagará R$ 3.500, e o governo, mais R$ 750. Os cálculos consideram corte de 30%. O gasto estimado do governo em um ano de vigência, prazo máximo do programa, é de cerca de R$ 112,5 milhões.
Além da postagem apagada, outras foram publicadas pelo Planalto no Facebook para falar do programa. Em uma delas, um internauta questionou o motivo da retirada da imagem do filme. "Tiraram o Chaplin kkkkk pq?", questiona.
Antes de ser apagado, o post chegou a ter mais de 260 comentários, ao menos 912 curtidas e 812 compartilhamentos. Os internautas criticavam a escolha da imagem por parte do Planalto. "Nossa, que infelicidade no uso da imagem! Chaplin fazia uma crítica a alienação e a exploração do trabalhador industrial e o Poder Executivo, durante o ajuste fiscal executou manobras para reduzir os direitos trabalhistas! Caramba! Foi péssimo!"
Em nota, o Planalto informou que apagou a postagem por inadequação ao conteúdo pretendido.
"O post na página do Palácio do Planalto no Facebook sobre o Programa de Proteção ao Emprego visava destacar a ação do governo, construída em parceria com empresas e sindicatos, para assegurar o emprego de trabalhadores em momento de dificuldades temporárias. A Secretaria de Comunicação Social informa que foi retirado do ar por inadequação ao conteúdo pretendido", diz a nota.
De acordo com o Ministério do Trabalho, pelo menos cinco setores já manifestaram interesse em aderir ao plano: automotivo, carnes, açúcar e álcool, componentes eletrônicos e metalúrgico. Segundo o ministério, são potenciais beneficiários aqueles que recorrem ao lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). Entre janeiro e junho, 11.481 trabalhadores, principalmente da indústria (fabricação de automóveis e álcool) e agropecuária (cultivo de cana-de-açúcar), foram colocados em lay-off.
A redução de salários com corte de jornada já era prevista na legislação trabalhista, desde que negociada com os sindicatos dos trabalhadores. A diferença é que no programa antigo, criado em 1998, não havia ajuda por parte do governo.


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